Chegou às salas de cinema há cerca de 11 anos e mostrou como Will Smith ("Em Busca da Felicidade") até é capaz de interpretar outro tipo de papéis que não envolvam apenas fazer comédia. Falamos do filme "Eu Sou a Lenda" que ficou conhecido não só pela história mas pela presença de uma cadela com quem o ator contracenou desde o início até ao fim do filme. Chama-se Abbey e, ao contrário do que aconteceu no filme (spoiler: não teve um final feliz), hoje a cadela de raça pastor alemão tem 13 anos e está a gozar a sua merecida reforma em casa de Steve Berens — aquele que a treinou durante vários anos para os diversos filmes e séries em que participou.
Em entrevista exclusiva ao site de entretenimento "LADbible", o treinador norte-americano revelou que apesar de Abbey já estar velha e praticamente surda "ainda gosta de correr atrás de uma bola ou de um osso."
Steve Berens, presidente da Animals of Distinction, uma empresa especializada em treinar animais para produções de cinema ou televisivas, diz que o animal passou a fazer parte da família assim que os produtores de "Eu Sou a Lenda" lhe pediram que encontrasse e treinasse um cão para contracenar com Will Smith.
"Encontrei-a em meados de julho de 2007 e em setembro já estava em frente a uma câmara a filmar com o ator. Foi uma transição enorme porque ela não vinha de uma fundação nem sabia nada. Começámos tudo do zero, literalmente", continua. O treino foi difícil e muito frustrante, principalmente ao início, mas diz Berens que a certa altura Abbey começou a perceber o que tinha de fazer e aprendeu muito depressa depois disso. Primeiro teve de aprender o básico para que alguma vez pudesse estar em frente a uma câmara, e depois aprendeu outro tipo de tarefas quando eram necessárias para a gravação de uma cena em específico.
Mas o mais surpreendente foi o elo de ligação que se formou entre Abbey e Will Smith, e que chegou mesmo a surpreender o treinador. "Quando se trabalha com vários atores ao longo dos anos há muitos que não têm qualquer tipo de interesse no animal. Muitos deles acreditam até que é só mais um adereço que irá distrair o foco do público, mas o Will não foi nada assim." A ligação foi tão forte, dentro e fora dos estúdios de gravações, que começaram a surgir rumores de que o ator poderia vir a ser o dono de Abbey, o que deixou Berens um pouco preocupado.
"Tinha muito receio que assim que surgisse um novo filme, o Will partisse para outra e se esquecesse da Abbey", mas o ator nunca chegou a ficar com Abbey e nunca falou com o treinador sobre isso que, por um lado, mostra-se aliviado. É que também ele criou uma ligação muito forte com a cadela ao longo destes 11 anos. "Quando passas grande parte do teu dia com um cão, a treiná-lo e a conhecê-lo, é difícil não criares uma relação com ele. A Abbey tem estado sempre connosco e é já um elemento muito importante da nossa família."
Depois de "Eu Sou a Lenda" ter chegada às salas de cinema de todo o mundo, o treino da cadela continuou para novas produções, mas nenhuma chegou alguma vez a ter a dimensão do filme. Era quase como um trabalho em que Abbey tinha um horário e tarefas para cumprir e, ao final do dia, ia para casa "ser um animal de estimação".
Abbey, que agora já está reformada, passa grande parte dos seus dias a brincar com os donos e com os outros animais que Steve Berens continua a treinar, sejam eles outro cães, gatos ou pássaros. E o treinador está habituado a todo eles já que "faz parte do trabalho conhecê-los a todos" e adaptar-se a eles. Mas não tem dúvidas de que é possível treinar qualquer tipo de animal, mesmo os mais ferozes ou que nunca na vida imaginaríamos num contexto doméstico.
"É esse o lado mais engraçado de treinar vários animais. Aprende-se a dominar a arte da ilusão", revela.