Os sinais de alarme soam-lhe na cabeça. O seu gato ou cão, que antes era ativo e enérgico, aparenta já não aguentar as longas sessões de brincadeira que antes eram rotina aí em casa, ou passou a ter dificuldades em descer e subir as escadas, saltar para o carro ou para o parapeito da janela para ver os passarinhos lá fora. A culpa pode ser do excesso de peso.

Por vezes, podemos não dar conta, ou até ter tendência para desvalorizar aqueles grama ou quilos a mais que deixámos que o nosso animal de estimação fosse ganhando nos últimos tempos. Mas a verdade é que isso é o suficiente para afetar o seu estado de saúde, qualidade de vida e longevidade. E o que inicialmente tende a manifestar-se apenas por uma menor atividade física, ou uma tendência para estar mais deitado e dormir mais, pode na verdade vir a contribuir para inúmeros problemas e saúde, por vezes graves.

A lista de consequências é longa e inclui problemas ortopédicos (muitas vezes associados a dor crónica), diabetes, problemas cardiorrespiratórios, problemas reprodutivos, urinários e até um maior risco anestésico. São animais que vivem menos tempo e com pior qualidade de vida.

"Como é que um cão ou gato com excesso de peso se comporta?", pode estar a perguntar-se. Pois a médica veterinária Joana Pereira, da Comunicação Científica da Royal Canin responde: “Regra geral, um animal com excesso de peso apresenta, além do óbvio aumento de peso e de volume corporal, mudanças no seu comportamento — não tendo tanta energia para brincar, fica frequentemente sem fôlego durante uma simples brincadeira ou passeio, parando várias vezes para descansar, muitas vezes por sentir também dor ou desconforto articular.

Podem fazer mais barulho a respirar ou a dormir (o típico “ressonar”), são normalmente mais apáticos e dorminhocos. O que os tutores muitas vezes interpretam como um sinal de maturidade, de estar mais calmo e menos ativo, de “ser da idade”, pode muitas vezes estar ligado a esta questão do excesso de peso. Mas felizmente é tratável e prevenível.”

Sim: ajudar o seu animal de estimação a perder peso é mais difícil do que prevenir que ele o ganhe. Mas é possível! Com a devida dedicação e compromisso por parte de todos aí em casa, e com o acompanhamento da equipa veterinária, o seu companheiro poderá recuperar a vitalidade perdida e ganhar anos de vida junto a vós. Aqui ficam alguns conselhos sobre como o ajudar a manter a condição corporal saudável. O objetivo? Prevenir riscos e ganhar saúde, claro.

Em caso de dúvida, procure aconselhamento veterinário

Há um truque simples que pode aplicar em casa para perceber se o seu gato ou cão poderá ou não estar com excesso de peso. Com os seus dedos, tente sentir-lhe as costelas.

Se as costelas forem percetíveis ao toque, mas sem serem demasiado proeminentes, isso geralmente indica que o seu animal de estimação está na sua condição corporal ideal, no seu peso saudável. Deverá ter também uma cintura percetível visto de cima e uma prega abdominal marcada quando visto de lado.

Mas se sente as suas costelas com dificuldade (ou não as sente de todo), sob uma exuberante camada de pele e gordura, então isso pode significar que o seu animal tem excesso de peso (ou até já obesidade).

Mas antes de começar já a pensar em possíveis soluções, o passo fundamental é procurar aconselhamento veterinário. Será através de uma consulta que o seu médico veterinário será capaz de avaliar a condição corporal do seu animal de estimação, estimar o seu peso saudável e aconselhá-lo sobre a melhor forma e o conseguir alcançar.

Aposte num alimento adequado (e controle as quantidades)

Há dois elementos-chave quando o assunto é  evitar que o seu companheiro venha a sofrer de excesso de peso. O primeiro, claro, é a escolha de um alimento adequado, completo e equilibrado. Já o segundo, diretamente associado ao primeiro, tem que ver com o controlo das doses que o seu animal de estimação deverá comer por dia.

Mais uma vez, deverá procurar aconselhar-se juntamente do seu médico veterinário que, ciente de todos os dados clínicos dele — como o peso, a raça, idade, estatuto reprodutivo ou esterilização e problemas de saúde concomitantes — definirá qual o alimento mais adequado e a dose diária recomendada.

A ideia é que a quantidade diária de alimento seja pesada numa balança e dividida em várias refeições ao longo do dia, em vez de encher a taça até cima, deixá-la à disposição e voltar a enchê-la sempre que a encontrar vazia. A chamada técnica do “olhómetro” (ou “dar a olho”) origina situações em que se chega a dar 2 a 3 vezes mais comida que o recomendado. E mesmo os copos medidores não se recomendam para o casos de perda de peso, ou em que há risco de ganho peso excessivo, pois têm uma margem de erro que pode ser prejudicial nestes casos.

Tendo como missão a promoção do peso saudável e melhor qualidade de vida nos nossos animais de companhia, a Royal Canin tem várias opções disponíveis para o controlo do peso (e que poderá consultar no site oficial da marca:

  • Para os animais com obesidade ou excesso de peso que estão a ser acompanhados por uma equipa veterinária, há opções de dietas terapêuticas para gatos e para cães que promovem uma perda de peso progressiva e saudável, em que se mantém a massa muscular (a massa magra), se estimula a perda de massa gorda, mas acautelando as carências nutricionais e a sensação de fome constante, que frequentemente surgem quando se reduz apenas a quantidade do alimento habitual. “Promover a saciedade é uma das chaves para o sucesso destes processos, pois vai ajudar a que os tutores consigam cumprir com as doses diárias prescritas e não cedam a dar a mais, ou a compensar com extras, por o animal estar sempre a pedir comida”, explica Joana Pereira.
  • Mas para os animais que ainda estão no seu peso saudável, mas em risco de ganhar peso com facilidade (como é o caso dos que estão esterilizados), ou até para aqueles que apenas apresentam um ligeiro excesso de peso , há também opções de venda livre que são bastante eficazes no controlo deste problema.

Todos estes alimentos têm algumas características em comum: são mais baixos em gordura e calorias, ricos em fibras saciantes e em proteínas (que vão permitir a manutenção da massa muscular), além de terem uma série de nutracêuticos (como L-carnitina, condroprotectores e EPA&DHA), que vão apoiar todo o processo. O que varia é o grau de restrição, e o perfil macro e micronutricional, que deve ser adaptado à gravidade de cada caso. Não se aplica o “one size fits all”, daí a importância de se definir o índice de condição corporal junto da equipa veterinária.

Estimule-o com atividades diárias divertidas

O que também vai ajudar no controlo do peso é o apostar em atividades diárias e regulares, para que este o seu melhor amigo se mantenha sempre ativo e estimulado.

"Mas quanto tempo de exercício ou atividade é que o meu gato ou cão deve fazer por dia?". A pergunta não tem uma resposta única ou óbvia, muito porque dependerá de fatores como a idade, a raça, o tamanho e o peso do seu animal de estimação, mas também da disponibilidade e estilo de vida de cada família.

Deve, no entanto, estar em contacto regular com o seu veterinário que, com base no historial do seu animal, poderá ajudá-lo e aconselhá-lo da melhor forma, dando-lhe ideia sobre como o exercitar de forma segura e exequível para a rotina familiar.