Marisa Matias é a segunda candidata de esquerda a confirmar a corrida à Presidência da República no espaço de três dias, após Ana Gomes confirmar esta segunda-feira, 7 de setembro, que vai mesmo concorrer a Belém. Com duas candidaturas de partidos de esquerda (Ana Gomes, PS e Marisa Matias, Bloco de Esquerda), e uma terceira a ser anunciada no final da semana (do PCP), o PS de António Costa confronta-se com o dilema: quem vai o partido apoiar?

É que, em maio, António Costa mostrou o seu apoio precoce à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita à Autoeuropa, dizendo que “não há duas sem três", sugerindo que a visita à fábrica em Palmela se repetisse ao lado do atual Presidente da República no próximo ano, 2021, aquele que seria assim o "primeiro ano do segundo mandato do Presidente”. Contudo, com a candidatura de Ana Gomes, do lado do PS, fica agora a dúvida sobre quem António Costa vai apoiar.

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Quanto à corrida a Belém falta ainda saber quem é que vai estar à frente do Partido Comunista Português (PCP) nas presidenciais, decisão que deverá ser tomada no próximo sábado, dia 12, em Lisboa, de acordo com o jornal "Público", que avança que será o próprio próprio secretário-geral, Jerónimo de Sousa, a divulgar as “principais resoluções da reunião”.

Mais uma candidatura à esquerda é, para Marisa Matias, "sinal de democracia". "Estamos a falar de uma eleição, não de uma nomeação. É preciso uma afirmação das diferentes propostas e as pessoas terão condições para decidir. E é surpreendente que o PS não apresente candidato ou candidata a estas eleições", disse ao Público.

Outra crítica ao PS veio do lado de Manuel Alegre, ex-candidato presidencial, que lamenta o facto de o partido não assumir uma posição oficial sobre as eleições, repetindo os mesmos passos que em 2016, ano em que Marcelo Rebelo de Sousa venceu com 52% dos votos.

Já quando questionada pelo "Público" se, perante o confronto à esquerda com Ana Gomes, uma pode desistir a favor da outra, a candidata Marisa Matias, que já esteve na corrida há cinco anos, afirmou: "Creio que a Ana nunca me pediria isso e eu não lhe vou pedir isso seguramente. Acho que há espaço", descartando assim a hipótese de resolver o dilema de António Costa.

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Quem pode desistir, não das eleições, mas do próprio partido, é o candidato da extrema-direita André Ventura, do partido Chega, uma vez que afirmou demitir-se caso a ex-diplomata tenha um melhor resultado que o seu nas eleições de janeiro de 2021.

Ainda que o PS não tenha tomado uma decisão sobre quem vai apoiar nas eleições presidenciais, o CDS-PP deverá continuar a apoiar Marcelo Rebelo de Sousa, tal como aconteceu no último sufrágio. Essa intenção foi reforçada esta terça-feira, 8, pelo presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, ao afirmar que entende a agitação à esquerda, porque "a direita não tem um candidato, mas tem um presidente: Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito com o apoio do CDS e do PSD“, remata.

Isto significa que, se Marcelo não tiver o apoio do PS, pode ter já dois partidos do seu lado, embora a decisão ainda não tenha sido tomada. “Só depois reuniremos os órgãos próprios do partido e deliberaremos no sentido de apoiar ou não a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa”, acrescentou o presidente do CDS-PP.

Contudo, a dúvida permanece: quem apoiará António Costa?