Começaram a ser ouvidos no tribunal esta quinta-feira, 1 de dezembro, os principais suspeitos de um dos maiores crimes de fraude fiscal de sempre na União Europeia, entre eles o empresário luso-francês Max Cardoso e a mulher, a apresentadora de televisão e modelo Ana Lúcia Matos. Os dois farão parte de uma rede ilegal de fuga aos impostos, desmantelada pelas autoridades naquela que ficou conhecida como "Operação Admiral". Vários dos suspeitos envolvidos no caso terão ligações familiares. Um casal da Figueira da Foz poderá estar envolvido, bem como uma mulher de nacionalidade francesa, residente em Guimarães, e a quem foram apreendidos cerca de dois milhões de euros, em dinheiro, que teria dentro de casa. Seria ela um dos principais apoios de Max Cardoso, marido de Ana Lúcia Matos, e que alegadamente é o cabecilha desta rede, revela o "Correio da Manhã" na sua edição desta sexta-feira, 2 de dezembro.

O casal tinha comprado recentemente uma mansão de luxo na zona da Aroeira, na margem sul, com dinheiro proveniente do esquema de fuga aos impostos, acreditam as autoridades. O Ministério Público do Porto, que coordena a investigação, sabe que a casa foi paga com o dinheiro proveniente de uma das empresas de Max Cardoso, sediada no Chipre, e que serviria para pagar despesas correntes familiares. O casal vivia o seu dia-a-dia, com compras luxuosas, idas aos melhores restaurantes e muitas viagens em destinos de sonho com o dinheiro desta mesma conta, bem como de várias outras, em nomes de familiares de Max Cardoso, nomeadamente o pai, a mãe e uma irmã, garante ainda o "CM".

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As autoridades acreditam que as atividades criminosas decorrem já desde 2016, num esquema de fuga aos impostos ligada à venda de aparelhos eletrónicos. Max Cardoso será o cabecilha do grupo que constituía empresas em vários paraísos fiscais, bem como em países da União Europeia, e conseguia, através do comércio eletrónico, fugir ao pagamento de IVA, e conseguir recuperar IVA já pago pelo facto de a empresa compradora ser de fora da União Europeia, ficando assim com produtos a um valor mais baixo do real. Muitos dos sócios-gerentes destas empresas faziam parte do esquema agora desmantelado e eram familiares de Max Cardoso. Com o dinheiro recuperado do IVA, Max bem como a mulher, Ana Lúcia Matos, compravam bens de luxo, como carros, joias ou relógios, bem como imóveis.

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Ao todo, as autoridades acreditam que em causa poderá estar um valor de fuga aos impostos de 2,2 mil milhões de euros, numa fraude que se ramificou por mais de 30 países.

Ainda de acordo com o "CM", dos arguidos ontem presentes na Tribunal de Instrução Criminal do Porto, oito ficaram em silêncio, entre eles Max Cardoso, e recusaram-se a prestar declarações. Uma das que irão falar é Ana Lúcia Matos, que deverá alegar desconhecimento da ilegalidade dos atos cometidos pelo marido. A audição decorreu pela madrugada de quinta para sexta-feira.