O presidente da câmara de Sátão, perto de Viseu, terá aconselhado uma funcionária da autarquia vítima de assédio sexual a "fazer desporto ao final do dia" e a aprender a "encarar os problemas de frente", para superar o problema. A acusação é do advogado da vítima, que garante que o autarca, Alexandre Vaz, sempre soube da situação de assédio, já que a mulher o alertou várias vezes para a situação, tendo-lhe inclusive mostrado as mensagens enviadas pelo seu superior hierárquico. E pior: ainda de acordo com o advogado da vítima, o presidente da câmara terá desaconselhado a mulher a denunciar a situação, dizendo-lhe que isso ainda se poderia virar contra si, por causa da forma como ela se veste, revela o "Correio da Manhã" desta terça-feira.
De acordo com Aurélio Quelho, advogado da mulher que acusa o superior, o presidente da câmara Alexandre Vaz ter-lhe-á dito: "Deve aprender a lidar com a situação, deixar a psicóloga e encarar os problemas de frente. Vista um fato de treino e faça desporto ao fim do dia”, revela o CM.
O caso começou em março de 2021, quando a mulher entrou para a autarquia para realizar um estágio profissional. Logo na altura, terá começado a receber mensagens sedutoras de um superior hierárquico, o seu orientador de estágio. Na altura, e de acordo com o CM, o homem dizia-lhe que se cumprisse com tudo aquilo que ele lhe propunha seria compensada com uma nota mais alta. Ao longo de dois anos, o homem terá tentado todo o tipo de investidas e enviado mensagens de teor sexual a que a mulher não daria resposta. "Esse corpinho é só excitação", "Hoje estás especialmente excitante, gosto desse cabelo assim, dá-te um ar selvagem", "vou à tua foto de perfil várias vezes para te ver e não consigo deixar de olhar para as tuas mamocas, apetece tocar e chupar", "esses biquinhos lindos", "tira lá o pijama", são só algumas das mensagens que a mulher terá mostrado ao presidente da câmara, como prova do assédio. A mulher fez também queixa no Ministério Público e o superior hierárquico já terá sido constituído arguido, de acordo com o CM.
"Alexandre Vaz sabia de tudo o que se passava, e tinha até conhecimento das mensagens sexuais, mas não tomou qualquer medida, e pior, tentou amedrontar a vítima dizendo-lhe que ela é que iria ficar mal vista por causa da sua maneira de vestir”. As acusações são do advogado da mulher, Aurélio Quelho, que garante que a sua constituinte se reuniu quatro vezes com o presidente da câmara para lhe mostrar as provas de assédio, sem resultados.
Ainda de acordo com a acusação, o funcionário da câmara, que já estará com um processo disciplinar, terá tentado tocar de forma inadequada, e por diversas vezes, nas mãos, pernas e costas da mulher.