Uma mulher de 36 anos foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado, de 41, na passada quinta-feira, 6 de junho, no mesmo dia em que o Ministério Público do Porto determinou que deveria ser aplicado um botão de pânico à vítima. Daniela Padrino fez queixa por violência doméstica do ex-namorado à AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo), organismo que agora substitui o SEF, no dia 23 de maio, mas só 12 dias depois é que o inquérito foi instaurado pelo MP, precisamente no dia em que a mulher venezuelana foi atropelada mortalmente pelo ex, revela o “Correio da Manhã”.

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O crime ocorreu em São Mamede de Infesta, no município de Matosinhos. Testemunhas disseram que João Oliveira, o ex-namorado, atingiu Daniela com o carro três vezes, e que chegou mesmo a passar com a viatura por cima da cabeça da mulher. Depois de fugir do local, o homem de 41 anos acabou por ser apanhado. Isto aconteceu no mesmo dia em que o Ministério Público do Porto decidiu atribuir o chamado “botão de pânico”, um dispositivo que não emite som e que complementa o sistema de segurança da vítima, a Daniela, depois desta ter feito uma queixa ao organismo onde dizia “viver com medo” de João.

Na denúncia feita pela AIMA, que seguiu para o Ministério Público com a indicação de que se tratava de um caso urgente, a responsável informou que o ex-namorado da vítima já tinha sido preso por assassinar uma namorada, e que Daniela, noiva de outro homem, “temia pela sua segurança”. “Apesar de já ter mudado de número de telefone e palavra-passe dos emails, sente-se em perigo. Teve um email que foi colocado no lixo sem ter sido ela a pô-lo, o que a deixou mais alerta e preocupada”, lê-se na queixa, citada pelo CM. 

No relacionamento anterior, João também conseguiu aceder ao computador da companheira, que matou depois de descobrir que esta tinha um novo namorado, e, de acordo com a denúncia feita, foi daí que veio o receio da Daniela. No dia 24 de maio, a vítima chegou mesmo a fazer uma segunda denúncia, depois do email enviado à AIMA, desta vez na esquadra do Bom Pastor, e o agente da PSP que a recebeu descreveu a mulher de 36 anos como “desesperada, desgastada e nervosa”. “A vítima informa que o teor dos emails é ameaçador, em virtude de o denunciado proferir por diversas vezes que ela irá ser sempre dele”, lê-se na queixa. 

Na quinta-feira, 6 de junho, 12 dias depois da primeira denúncia de Daniela, a magistrada Teresa Morais assinou um despacho onde pedia que a PSP fizesse várias diligências no prazo de 30 dias e que a mulher fosse ouvida em 72 horas, assim como várias testemunhas. Este foi o tempo que o email demorou a ser lido, onde alertava para o perigo que Daniela poderia vir a passar, o que acabou por acontecer.