É dia de eleições diretas no PSD. Este sábado, 28 de maio, cerca de 44 mil militantes têm em mãos o poder de eleger o novo líder do partido, que vai assumir a posição ocupada por Rui Rio, desde 2018.
Luís Montenegro, que já foi a votos em 2020, ou Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do partido no Governo liderado por Pedro Passos Coelho: um deles arrecadará o título de 19.º presidente do PSD, depois de uma das campanhas mais discretas dos últimos anos, sem debates ou grandes polémicas.
A luta adivinha-se renhida, embora Montenegro reúna algum favoritismo. "Eu já não faço apostas", admitiu mesmo um dos militantes do partido, ouvido pela TSF no decorrer do processo eleitoral deste sábado. A verdade é que se se contassem apenas com os apoios dos mais altos dirigentes distritais, Luís Montenegro seria o vencedor. Ainda assim, basta olhar para o passado do partido, para perceber que há sempre espaço para reviravoltas.
Isto, tendo por base o que já aconteceu tanto com Luís Montenegro como com Paulo Rangel. Em ambos os casos, tinha-se criado a ideia de que os fortes apoios locais declarados seriam suficientes para derrotar Rui Rio, mas o ainda líder do PSD acabou por vencer as duas eleições. No entanto, desta vez, Rui Rio está fora da corrida.
Uma vez que o seu mandato só terminaria em dezembro de 2023, o candidato derrotado por António Costa nas últimas legislativas não se recandidata nestas eleições, que foram antecipadas precisamente devido ao pior resultado de sempre do PSD numas legislativas: 27,6% dos votos. Agora, a decisão está entre dois candidatos com percursos distintos e (algumas) convicções comuns. Ambos assumem a intenção de modernizar o partido, apesar de, de acordo com o jornal "SOL", se revelarem mais conservadores do que Rio em matérias como a eutanásia e a regionalização. De olhos postos nas legislativas de 2026, os políticos já avançam planos para o futuro.
"Estou aqui para ser primeiro-ministro", garante Luís Montenegro
Para Luís Montengro, não se trata de uma estreia. O político já havia concorrido ao cargo em 2020, ano em que também disputou a liderança do partido e perdeu para o atual presidente Rui Rio. No entanto, desta vez, foi o primeiro a candidatar-se ao cargo e garante que pretende ser "protagonista da alternativa política ao PS, liderada pelo PSD para governar Portugal".
"Estou aqui para ser primeiro-ministro porque o projeto da social-democracia e o projeto do PSD é aquele que dá mais condições de vida às pessoas, mais bem-estar às pessoas, mais oportunidades e, sobretudo, mais justiça”, afirmou Luís Montenegro, em declarações citadas pelo jornal "Observador".
"Eu não venho para tratar de assuntos internos do PSD, eu não venho para reorganizar e restruturar o PSD. Também venho para isso, mas eu não venho essencialmente para isso e também não venho para dois anos. Eu venho para ser candidato nas próximas eleições legislativas de 2026. E venho para disputar essas eleições e para ganhar", frisou, acrescentando que "Portugal não pode ser este marasmo socialista (…)".
E a verdade é que o percurso político de Montenegro é longo. O candidato de 49 anos, natural do Porto, estreou-se na atividade partidária na JSD de Espinho, uma estrutura que presidiu entre 1994 e 1996. Posteriormente, assumiu o cargo de vereador da Câmara Municipal da região e, em 2005, perdeu as eleições autárquicas, derrotado por José Mota, do PS.
Desde aí, continuou sempre ligado à política e, após a vitória de Pedro Passos Coelho nas legislativas, subiu à liderança da bancada social-democrata. Altura em que se destacou como rosto do "Passismo" na liderança da bancada parlamentar nos anos da troika.
Agora, está convicto de que é a melhor escolha para assegurar não só o futuro do partido como do País. Como principal medida interna quer criar o Movimento "Acreditar" para reunir contributos de militantes e da sociedade civil para o programa eleitoral, que, no caso, diz querer apresentar já nas legislativas de 2026. Segundo conta, ambiciona ter tudo pronto a divulgar em 2024, avança a mesma publicação.
"Sou co-responsável por resultados de Passos", diz Jorge Moreira da Silva
Já Jorge Moreira da Silva candidata-se pela primeira vez à liderança do partido. Apesar de não ser o que reúne mais apoios de topo internos, o político não descarta a possibilidade de vitória. Em entrevista ao "Público", recusou-se a tecer qualquer crítica ao mandato de Rui Rio, agora prestes a terminar, mas revela quais serão os seus primeiros passos a dar, no caso de se consagrar o grande vencedor das eleições deste sábado, 28.
Moreira da Silva garante que, assim que assistiu à vitória do PS com maioria absoluta, a 30 de janeiro, apercebeu-se de que é "imprescindível aproveitar os quatro anos de oposição para refundar o PSD e apresentar uma nova agenda reformista que permita aos portugueses a reconquista do seu direito ao futuro (que hoje lhes está confiscado)".
Para além de admitir que o primeiro passo será "reunir, obviamente, com todos os ex-líderes do PSD", Jorge Moreira da Silva garante que pretende tirar partido "dos resultados de todos os meus antecessores" e considera-se co-responsável pelos resultados de Passos Coelho.
Isto porque o político foi o primeiro vice-presidente e ministro do Ambiente no Governo liderado por Pedro Passos Coelho, de quem foi vice durante seis anos. Este candidato de 51 anos, é engenheiro eletrotécnico e, este sábado, 28, disputa pela primeira vez a presidência do PSD, partido pelo qual já foi deputado e eurodeputado.
O candidato admite que já votou contra a despenalização do aborto, mas que, atualmente, considera a lei "adequada" e não defende a sua alteração. Já no que à eutanásia diz respeito, considera que "deve ser decidida por referendo (no âmbito de um amplo debate que deve beneficiar do contributo da comunidade médica) e não no Parlamento", noticia a mesma publicação.
Acompanhe os resultados da eleições em direto
A eleição direta do PSD decorre este sábado, 28, em todo o País entre as 14 e as 20 horas. De acordo com a CNN Portugal, a partir do fecho das urnas, a secretaria-geral do PSD irá disponibilizar a evolução dos resultados das eleições em tempo real no site https://resultados.psd.pt, à margem do histórico das eleições anteriores.
A proclamação dos resultados será feita pelo Conselho de Jurisdição Nacional, que acompanhará a evolução das eleições a partir da sede nacional do partido, em Lisboa, confirma a mesma publicação.