Um novo relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) revela que o número de pessoas que vive com VIH/SIDA por diagnosticar está a aumentar na Região Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os diagnósticos tardios representam não só um risco para a evolução do vírus para a fase final de infeção, como para o evoluir da epidemia, ao contribuir para a transmissão contínua do VIH, de acordo com o documento, avançado pela TVI24.
Mais de metade dos diagnósticos (53%) acontece numa fase tardia da infeção com VIH, quando o sistema imunitário já começou a falhar e não é possível tratar os doentes com vírus da imunodeficiência humana (VIH). Além disso, os dados apurados no relatório são um "sinal" de que as estratégias de testagem na Região Europeia não estão a funcionar adequadamente para diagnosticar precocemente o VIH.
Só no ano passado, dos novos casos diagnosticados, cerca de 20% aconteceram na UE/EEE, revela o relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), e 74% dos 2.772 casos de SIDA foram diagnosticados muito pouco depois do diagnóstico inicial do VIH, no prazo de três meses.
"Isto mostra um problema significativo com o diagnóstico tardio da infeção pelo VIH”, afirma o ECDC, que alerta ainda para o facto de o diagnóstico tardio contribuir para a transmissão contínua do VIH.
Em 2019 há ainda a destacar que um em cada cinco novos diagnósticos de VIH era relativo a uma pessoa com mais de 50 anos, embora as razões não sejam ainda conhecidas. "Pode ser que os próprios adultos mais velhos, ou os profissionais de saúde que cuidam deles, subestimem o risco de infeção", diz o documento.
Os dados agora revelados mostram ainda duas tendências: em toda a Região Europeia da OMS, o número de pessoas recentemente diagnosticadas com VIH aumentou 16% desde 2010, ao passo que nos países da UE/EEE diminuiu 9% durante o mesmo período.
"Vários países, incluindo a Áustria, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha e o Reino Unido, registaram uma diminuição das taxas de novos diagnósticos, mesmo depois de se ajustarem às alterações na cobertura populacional de vigilância e atrasos nos relatórios", destaca o documento.
Isto mostra "que mais pessoas foram infetadas com o VIH na última década do que as que foram diagnosticadas, indicando que o número de pessoas que vivem com VIH não diagnosticado está a aumentar na Região”, alerta o Centro Europeu de Controlo de Doenças.
Contudo, o documento mantém metas otimistas: "O número de pessoas diagnosticadas com SIDA, a fase final da infeção por VIH não tratada, diminuiu mais de metade na última década, sendo que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a epidemia de SIDA até 2030 é alcançável".
Para atingir esse objetivo, o diretor do ECDC, Andrea Ammon, refere que é preciso reforçar as técnicas de testagem e que a COVID-19 não pode ser o único foco. "Não devemos perder de vista outras questões de saúde pública como o VIH", cujo diagnóstico precoce "é uma prioridade urgente", diz em comunicado.
Os dados do novo relatório surgem perto da data em que se assinala o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, 1 de dezembro.