Cerca de 1.500 pessoas manifestaram-se no exterior da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, contra a corrida de homenagem a João Moura, que aconteceu esta quinta-feira, 26 de agosto. O protesto foi organizado, através das redes sociais, por várias associações de proteção animal, entre elas, o IRA – Intervenção e Resgate animal e a União Zoófila.
Concentrados pelos menos desde as 19h, os manifestantes gritavam "assassino" e "vergonha" em uníssono, enquanto faziam barulho com buzinas, tambores e megafones e vaiavam quem se dirigia à entrada da praça, tal como presenciado pela MAGG. Pelas 21h30, o cavaleiro foi recebido por uma ovação de mais de mil pessoas no interior do Campo Pequeno e, pouco tempo depois, as luzes desligaram-se no exterior da Praça de Touros, deixando os manifestantes às escuras.
Na rede social Twitter, um dos manifestantes partilhou um vídeo das luzes desligadas. "A Câmara de Lisboa desligou as luzes na zona da manifestação contra a homenagem ao João Moura. Fernando Medina contra a liberdade de expressão?", pode ler-se num dos tweets.
Na mesma rede social, a Câmara de Lisboa respondeu à acusação. "A informação de que dispomos indica que a falha no abastecimento de energia está relacionado com um problema na rede da EDP. Esperamos que o fornecimento de energia seja rapidamente restabelecido", esclareceu a CML. Mas assim que a manifestação se deslocou para outro local, a iluminação voltou.
João Moura alvo de processo-crime por maus-tratos a animais
"Criminosos homenageados, e os animais esfomeados?", lia-se num dos muitos cartazes dos manifestantes. Em causa, esteve a tourada de homenagem ao cavaleiro tauromáquico João Moura que, em fevereiro de 2020, foi detido por maus tratos a animais, depois de 18 cães subnutridos terem sido encontrados na sua propriedade, em Monforte.
Estacionado junto ao protesto e em marcha pelas ruas circundantes à Praça de Touros, esteve também um veículo do IRA - Intervenção de Resgate Animal, onde foi colocada uma faixa com fotografias dos cães subnutridos do cavaleiros tauromáquico e a mensagem: "João Moura, trouxemos os teus cães para a homenagem".
"Um criminoso nunca será um herói", "é uma vergonha nacional", "a minha homenagem vai para os galgos que sobreviveram ao João Moura", "tauromaquia não é cultura, é tortura", foram outras das mensagens que podiam ser lidas nos vários cartazes dos manifestantes, presenciou a MAGG.
No local, verificaram-se alguns momentos de tensão entre manifestantes e pessoas que participaram na homenagem, mas foram rapidamente resolvidos com intervenção dos agentes da PSP presentes, de acordo com a Lusa, avança o jornal "Expresso". Por precaução, foram deslocados para o local da manifestação cerca de uma dezena de agentes da Unidade Especial de Polícia (UEP).
Segundo a mesma fonte, a porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, marcou presença na manifestação e, em declarações aos jornalistas, defendeu que "é absolutamente revoltante que o setor tauromáquico tenha feito esta homenagem, ainda para mais uma homenagem que se diz ser mundial". "Este não é o cartão de visita" de Portugal", completou.
"Homenagear alguém que já faz a sua vida a sacrificar animais na arena é absolutamente incompreensível, mas mais incompreensível ainda quando se trata de alguém que tem contra si um processo-crime a correr por maus-tratos a animais de companhia, nomeadamente 18 galgos que foram deixados a morrer à fome", frisou.
Para a líder do PAN, "não há cidadãos intocáveis" e "a tauromaquia não pode continuar a achar-se acima da própria lei".