Depois de um lar em Reguengos de Monsaraz ser alvo de um surto de COVID-19, causando a morte a 18 pessoas, entre eles 16 idosos, um relatório da Ordem dos Médicos veio revelar as pobres condições de higiene e segurança que os profissionais que prestaram ajuda aos utentes encontraram nas instalações.
Entre idosos apenas com fralda, quartos com lixo e vestígios de urina seca, utentes com testes positivos à COVID-19 nos mesmos espaços com outros ainda a aguardar resultados, foram várias as falhas apontadas ao funcionamento do lar no relatório. Agora, o mesmo documento revela que os médicos que denunciaram as más condições das instalações terão sido ameaçados com processos disciplinares, escreve o jornal "Expresso".
De acordo com estas notícias, José Robalo, diretor da Administração Regional de Saúde do Alentejo, intimou vários médicos. "Na reunião, os médicos são informados pelo Dr. Robalo de que devem manter a prestação de cuidados no lar porque, caso contrário, incorreriam em processo disciplinar”, escreve a mesma publicação, citando o relatório a que teve acesso.
De recordar que 106 pessoas foram infetadas no lar, entre 80 utentes e 26 funcionários. Questionado pelo "Expresso", José Robalo confirmou a referência a processos disciplinares, mas recusa que tenham tido ligação com a falta de condições, mas sim com a prestação de serviços. “Sim, levantei a possibilidade de um processo disciplinar [nesse encontro] (…) Se se recusam a tratar um doente do Serviço Nacional de Saúde, neste contexto, pode ser levantado um processo disciplinar. Não pode haver recusa”, disse o diretor da Administração Regional de Saúde do Alentejo.