
A jovem ativista sueca que começou por ser de causa ambientais, mas que agora aderiu ao movimento anti-globalização e anti-ocidente Greta Thunberg é uma das 11 pessoas que viajam a bordo do navio "Madleen", que partiu da Sicília, Itália, com ajuda humanitária, e está prestes a chegar a águas controladas por Israel, perto da Faixa de Gaza. O barco está a passar pelo Egito, que faz fronteira direta com Gaza, e em breve entrará em território israelita, o que implica que passa a correr sérios riscos de ataques, sobretudo feitos com recurso a drones.
A missão dos 11 ativistas do "Madleen" une o que dizem ser "preocupações ambientais e humanitárias". Para lá de Greta, 22 anos, viajam a bordo o ator Liam Cunningham e a eurodeputada Rima Hassan. O objetivo é o de entregar ajuda essencial à população de Gaza e desafiar diretamente o bloqueio naval imposto por Israel, mas, sobretudo, chamar ainda mais atenções para o conflito.
O “Madleen” partiu de Catania, na Sicília, a 1 de junho, carregando toneladas de artigos fundamentais como leite em pó para bebés, arroz, farinha, fraldas, kits de dessalinização de água, muletas, material médico e até uma prótese impressa em 3D para uma criança palestiniana. Esta iniciativa faz parte de uma campanha mais alargada da Freedom Flotilla Coalition, que visa chamar a atenção internacional para a grave crise humanitária em Gaza, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam escassez extrema de alimentos, água potável e assistência médica.
Durante a travessia, o “Madleen” teve ainda de responder a um apelo de socorro no Mediterrâneo, resgatando quatro migrantes sudaneses à deriva em alto-mar após fugirem da costa líbia. A operação, realizada com o apoio da Frontex, foi um lembrete da complexidade e do simbolismo da missão: trata-se não apenas de levar mantimentos a Gaza, mas de representar solidariedade para com todos os que são vítimas da injustiça e do abandono.
O perigo maior
O maior perigo, no entanto, ainda está por vir. A marinha israelita já declarou estar preparada para impedir a chegada do barco a Gaza, alegando razões de segurança. Fontes militares afirmam que todas as opções estão em cima da mesa, incluindo o bloqueio direto e detenções. Este contexto evoca memórias do episódio trágico do navio Mavi Marmara, em 2010, quando uma tentativa semelhante resultou em mortes e tensão diplomática.
O “Madleen” sucede ao “Conscience”, um navio anterior da mesma missão que foi atingido por drones em maio, ao largo de Malta, num ataque atribuído a Israel. Apesar disso, a atual tripulação insiste na sua intenção pacífica e pretende transmitir ao vivo qualquer intervenção que ocorra, numa tentativa de garantir transparência e visibilidade mediática.
Greta Thunberg, conhecida por mobilizar milhões de jovens em defesa do planeta, assume agora uma postura mais abrangente, afirmando que a crise humanitária em Gaza é também uma questão ambiental e moral. “O silêncio diante da injustiça é um perigo maior do que qualquer outro que possamos enfrentar no mar”, declarou recentemente.
A chegada do “Madleen” está prevista para este domingo.
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