Foi uma ação surpresa, com um dispositivo fortemente armado. A Polícia Judiciária e um representante do Ministério Público invadiram o local onde está instalada uma seita que vive em Portugal, e que auto-proclama a independência do Reino do Pineal, na zona de Oliveira do Hospital, com o objetivo de tentar encontrar provas de profanação de cadáver, depois de ter sido noticiado que uma criança morreu e foi cremada no local. Os inspetores cortaram o cadeado que dá acesso ao local logo pela manhã, entraram no Reino do Pineal quando ainda toda a gente dormia e iniciaram buscas por todas as casas que existem no terreno, que é propriedade do futebolista Pione Sisto, internacional dinamarquês. Só que as buscas não deram em nada, revela o "Correio da Manhã" desta quarta-feira.

O objetivo principal desta ação policial era o de encontrar vestígios que fortalecessem a investigação relativa à morte da pequena Samsara, uma criança que nasceu em fevereiro de 2020 no Reino do Pineal e morreu em março de 2021, sem que tenha sido sequer registada. Ou seja, à luz da lei portuguesa esta criança nunca existiu, sequer, o que dificulta o processo. De acordo com notícias que terão partido de dentro da própria comunidade, a bebé terá sido cremada e as suas cinzas atiradas ao rio Montego, não se sabendo sequer a causa real da morte da criança. O pai de Samsara é o líder da própria seita, Água Akbal Pinheiro, que, ouvido pela PJ, terá dito que foram chamados médicos privados ao local aquando da doença da bebé, mas, de acordo com o "CM", o homem recusa-se a revelar que médicos foram esses. Sobre os membros da seita pairam os crimes de homicídio negligente e profanação de cadáver.

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Nas buscas que foram feitas, a PJ isolou as crianças dos adultos e terá tentado perceber os riscos que existiam para os menores. Apesar de tudo, as condições de vida no local eram bastante aceitáveis, não havia sinais de falta de higiene gritantes nem situações de risco grave. Foram identificadas cinco crianças e apenas uma delas é portuguesa. Está registada com o nome de Maria Madalena, tem 7 meses e não apresentava qualquer problema de saúde. Embora a sua avó reclame a guarda da neta, as autoridades não a retiraram da mãe, deixando apenas uma notificação para que seja cumprida a lei e a criança, por exemplo, seja obrigada a cumprir com a escolaridade obrigatória, algo que não acontece neste Reino do Pineal, que se intitula de soberano e não responde a nenhuma lei externa à comunidade, nem sequer reconhece autoridade às forças policiais portuguesas ou aos tribunais.

Apenas uma das cinco crianças foi levada pelas autoridades, na companhia do pai, para que pudesse ser registada.

Nas buscas, foram encontradas apenas quantidades muito pequenas de drogas leves, para consumo próprio, e nada de armas ou substâncias perigosas. Os membros da seita foram apenas advertidos para que cumpram a lei nacional e, caso isso não aconteça, as crianças poderão ser retiradas aos pais.