Luís Montenegro irá ser indigitado por Marcelo Rebelo de Sousa como o novo primeiro-ministro de Portugal, depois de a Aliança Democrática ter vencido as eleições legislações deste domingo, 10 de março. A coligação PSD, CDS e PPM conseguiu 29,52% dos votos, a que correspondem, após a distribuição geográfica dos votos, 80 deputados, ainda longe dos 116 necessários para uma maioria absoluta. O crescimento da Iniciativa Liberal, que passou de 4,9 para 5,08% dos votos, o que garantiu  a manutenção dos 8 deputados, deixa este bloco de direita ainda muito, muito longe dessa maioria, o que irá obrigar a negociar (sobretudo o novo orçamento, em Outubro) com outros partidos, visto que Luís Montenegro negou, sempre, um entendimento com o Chega, que conseguiu 48 deputados, mais de 1 milhão de votosd, e uma votação de 18,06% (o que representou uma subida para o quadruplo comparativamente com 2022). O partido de André Ventura é mesmo aquele que consegue uma subida mais expressiva e afirma-se, efetivamente, como um partido de média dimensão, quase a entrar no campeonato dos grandes.

Os derrotados da noite são Pedro Nuno Santos e o Partido Socialista, que há apenas dois anos conseguiu uma maioria absoluta com 41,3% dos votos e agora caiu para os 28,63%, o quinto pior resultado de sempre dos socialistas em eleições, passando de 120 deputados para apenas 76. Recorde-se que nas primeiras sondagens após a demissão de António Costa, e quando o PS ainda não tinha líder, os socialistas continuavam a aparecer na frente de todas as sondagens. Com o passar dos meses, e sobretudo após os debates (onde Pedro Nuno Santos não convenceu, na opinião da maioria dos comentadores), e de uma campanha eleitoral discreta, os socialistas foram descendo nas sondagens até serem ultrapassados pela AD. Ainda assim, o facto de a AD não ter conseguido uma vitória expressiva acaba por minimizar os estragos.

O CHEGA acaba por ter uma noite de luxo. O partido de André Ventura quadruplicou o número de votos (superando 1 milhão) e os mandatos, elegendo 48 (tinha apenas 12), e ficou muito próximo das previsões do líder e de algumas sondagens que davam o partido na casa dos 20%. O CHEGA consegue mesmo eleger deputados em todas as capitais de distrito à exceção de Bragança e vence mesmo a eleição em Faro, passando a ser o mais votado no Algarve.

A Iniciativa Liberal teve um resultado positivo, com uma subida para os 5,08% (tinha tido 4,9% em 2022), mesmo numa eleição em que sofreu o efeito do voto útil na AD, e conseguiu manter o número de deputados em 8. Perdeu um em Lisboa (passou de 4 para 3, mas ganhou um em Aveiro).

O Bloco de Esquerda também não se pode dizer que tenha tido uma grande noite. Recuperou ligeiramente face à queda abrupta que teve em 2022 (em que conseguiu 5 deputados e 4,4% quando em 2019 tinha 19 deputados e conseguira 9,5%). O partido liderado pela estreante Mariana Mortágua ficou-se pelos 4,5%, e subiu de 4 para 5 deputados.

O Livre foi outro dos vencedores da noite. Depois de uma campanha muito competente de Rui Tavares, o partido de esquerda europeísta conseguiu passar de 1,2% e 1 deputado para os 3,6%, que lhe valem 4 deputados. Esta subida acontece muito à custa da CDU. Os comunistas continuam a sua queda abrupta. Depois de terem perdido metade da bancada parlamentar de 2019 para 2022 (passaram de 12 para 6 deputados), os comunistas viram agora os seus assentos parlamentares reduzirem-se a apenas 5, resultado da campanha apagada do novo líder, Paulo Raimundo, e do desgaste já evidente da marca do Partido Comunista Português, seguramente afetado por posições pouco consensuais na sociedade como o não apoio à Ucrânia no conflito com a Rússia.

O PAN não conseguiu atingir o objetivo de passar a ter um grupo parlamentar mas manteve o seu deputado. Inês Sousa Real não conseguiu convencer o eleitorado e ficou-se por 1,93%.

A abstenção caiu bastante comparativamente com 2022, passando dos 48,58 para os 33,7%.

Veja aqui os resultados finais:

TOTAIS NACIONAIS

Taxa de Abstenção: 33,77%

AD e PSD/CDS (29,52%) 80 Deputados

PS (28,63%) 76 Deputados

CHEGA (18,06%) 48 Deputados

IL (5,08%) 8 Deputados

BE (4,46%) 5 Deputados

CDU (3,30%) 4 Deputado

Livre (3,26%) 4 Deputados

PAN (1,93%) 1 Deputado

ADN (1,63%) -

RIR (0,42%) -

JPP (0,30%) -

PTCP/MRPP (0,24%) -

ND (0,24%) -

VOLT (0,18%) -

Ergue-te (0,09%) -

MPTA (0,07%) -

PTP (0,04%) -

NC (0,03%) -

PPM (0,01%) -

Brancos (1,43%)

Nulos (1,10%)

Viana do Castelo

AD (34,7%) 2 Deputados

PS (28,1%) 2 Deputado

CHEGA (18,6%) 1 Deputado

Braga

AD (33,1%) 8 Deputados

PS (28,2%) 6 Deputados

CHEGA (16,9%) 4 Deputados

IL (6,1%) 1 Deputado

Porto

AD (30,4%) 14 Deputados

PS (30,3%) 13 Deputados

CHEGA (15,3%) 7 Deputados

IL (5,7%) 2 Deputados

BE (4,7%) 2 Deputados

Livre (3,4%) 1 Deputado

CDU (2,4%) 1 Deputado

Aveiro

AD (35,1%) 7 Deputados

PS (27,7%) 5 Deputados

CHEGA (17,3%) 1 Deputado

IL (5,1%) 1 Deputado

Viseu 

AD (36,4%) 3 Deputados

PS (27,5%) 3 Deputados

CHEGA (19,5%) 2 Deputados

Guarda

AD (34,1%) 1 Deputado

PS (31,9%) 1 Deputado

CHEGA (18,6%) 1 Deputado

Castelo Branco

PS (34,2%) 2 Deputados

AD (28,5%) 1 Deputado

CHEGA (19,5%) 1 Deputado

Coimbra

PS (32,7%) 4 Deputados 

AD (30,6%) 3 Deputados

CHEGA (15,5%) 2 Deputados

Leiria 

AD (35,2%) 5 Deputados

PS (22,5%) 3 Deputados

CHEGA (19,7%) 2 Deputados

Santarém

PS (27,9%) 3 Deputados

AD (27,3%) 3 Deputados

CHEGA (23,3%) 3 Deputados

Portalegre

PS (34,1%) 1 Deputado

CHEGA (24,6%) 1 Deputado

Lisboa

PS (27,7%) 15 Deputados

AD (27,0%) 14 Deputados

CHEGA (12,0%) 9 Deputados

IL (6,6%) 2 Deputados

Livre (5,5%) 2 Deputados

BE (5,0%) 2 Deputados

CDU (3,7%) 1 Deputado

PAN (2,5%) 1 Deputado

Setúbal

PS (31,3%) 7 Deputados

CHEGA (20,3%) 4 Deputados

AD (17,2%) 4 Deputados

CDU (7,7%) 1 Deputado

BE (6,0%) 1 Deputado

IL (5,4%) 1 Deputado

Livre (4,3%) 1 Deputado

Évora

PS (32,8%) 1 Deputado

AD (22,5%) 1 Deputado

CHEGA (20,0%) 1 Deputado

Beja

PS (31,7%) 1 Deputado

CHEGA (21,6%) 1 Deputado

AD (16,7%) 1 Deputado

Faro

CHEGA (27,2%) 3 Deputados

PS (25,5%) 3 Deputados 

AD (22,4%) 3 Deputados

Madeira

AD (35,4%) 3 Deputados

PS (19,8%) 2 Deputados

CHEGA (17,6%) 1 Deputado

Açores

AD (39,8%) 2 Deputados

PS (29,1%) 2 Deputados

CHEGA (15,8%) 1 Deputado