O cantor e ator Ivo Lucas e a fadista Cristina Branco voltaram a ser acusados pelo Ministério Público do crime de homicídio por negligência no decorrer da investigação que ocorreu à morte de Sara Carreira. Recorde-se que o primeiro despacho de acusação tinha sido anulado, e havia a expectativa por parte de Ivo Lucas de que no segundo despacho pudesse cair a acusação de homicídio por negligência ao então namorado de Sara, que conduzia o veículo onde seguia a cantora. Também a fadista Cristina Branco, que esteve na origem do primeiro acidente em cadeia que levou ao despiste, minutos depois, do carro de Ivo Lucas, acreditava que poderia não ser acusada, o que não aconteceu, revela o "Correio da Manhã" desta quarta-feira, 23 de novembro. Quem se livro da acusação foi o condutor do veículo contra quem Cristina Branco colidiu, e que seguia na auto-estrada a uma velocidade extremamente reduzida, e com excesso de álcool no sangue. O Ministério Público não atendeu assim ao pedido da defesa da família Carreira, que queria ver este homem, de nome Paulo Neves, acusado do crime de homicídio por negligência.
Como se deu o acidente fatal
Para entender o que está em causa é preciso perceber o que se passou na noite de 5 de dezembro de 2020. De acordo com o resultado da investigação, eram 18h30 quando o Volvo V50 conduzido pela fadista Cristina Branco colidiu violentamente com a traseira do Volkswagen Passat,de Paulo Neves, que seguia na faixa mais à direita a uma velocidade que andaria entre os 30 e os 50 km/h. O carro da fadista rodopiou e acabou por ficar imobilizado na faixa central. Cristina Branco, sentindo-se em perigo, ligou os quatro piscas, saiu da viatura com a filha menor, que seguia com ela, e refugiou-se na berma da A1, do lado direito, junto ao separador central.
Às 18h49, 19 minutos depois deste primeiro acidente, o Range Rover conduzido por Ivo Lucas, que transportava Sara Carreira, e que seguia em excesso de velocidade (entre os 131 e os 139 km/h), embateu de frente com o carro de Cristina Branco. Ivo Lucas perdeu o controlo da viatura, embateu no separador central, o que levou a que o veículo capotasse várias vezes, ficando imobilizado, uns metros mais à frente, na faixa da esquerda. Ivo e Sara ficaram imobilizados dentro da viatura. Dois minutos depois, um terceiro carro, conduzido por Tiago Pacheco, e que seguia em excesso de velocidade (entre os 146 e os 155 km/h), consegue evitar o choque com a viatura de Cristina Branco, fugindo para a faixa da esquerda, mas acabou por embater de frente com o Range Rover de Ivo e Sara, que continuavam dentro da viatura.
Quem vai responder pela morte de Sara Carreira?
De acordo com o novo despacho de acusação do Ministério Público, Paulo Neves, o primeiro condutor que seguia abaixo da velocidade recomendada, e com excesso de álcool, não teve responsabilidade direta na morte de Sara Carreira e, por isso, não irá ser acusado, ao contrário do que eram os desejos da família Carreira. O homem será apenas acusado do crime de "condução perigosa". De acordo com o revelado no "CM" desta quarta-feira, que cita a acusação do Ministério Público, "da dinâmica do acidente não se indiciam factos que permitam imputar ao arguido Paulo Neves o resultado morte da vítima Sara Antunes, ao contrário do que sucede relativamente aos arguidos Cristina Branco e Ivo Lucas."
De acordo com a investigação, a causadora inicial de tudo é mesmo Cristina Branco. "Se a arguida tivesse adotado a mesma conduta adotada por outros condutores que a antecederam (e que ultrapassaram o veículo [de Paulo Neves] do arguido sem com ele colidirem), não teria ocorrido qualquer acidente", diz ainda o despacho da acusação. O relatório final do acidente indica o excesso de velocidade do veículo de Ivo Lucas como a causa principal do despiste que levou à morte de Sara, ainda no local.
Todos os acusados neste caso vão manter as medidas de coação iniciais, ou seja, irão aguardar em liberdade, com necessidade apenas de termo de identidade e residência.