Rosa Grilo e o amante, António Joaquim, foram condenados a 25 anos de prisão pelo homicídio planeado e executado do marido de Rosa, Luís Grilo, um triatleta. Mas este caso não terminou. No Tribunal de Vila Franca de Xira está a ser julgado um outro caso, que deriva do primeiro. Aqui, Rosa Grilo e a advogada são acusadas de plantarem várias provas no cenário de crime, por forma a conseguirem criar uma história diferente, e, assim, conseguirem a libertação de Rosa. Só que foi numa sessão deste julgamento paralelo que Rosa Grilo contou, esta terça-feira, 30 de maio, uma nova versão sobre o crime. Agora, Rosa Grilo diz que não teve ajuda do amante, e que ele nem sequer sabia dos planos dela, e não soube depois que ela tinha matado Luís Grilo. Recorde-se que António Joaquim, o amante, foi inicialmente absolvido pelo tribunal de júri, mas após recurso acabou condenado à pena máxima pelo Tribunal da Relação, uma pena confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça. Só que algo não bate certo na nova versão de Rosa.

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Em versões passadas sobre o homicídio, as histórias já envolveram provas plantadas, a participação do amante, angolanos assassinos metidos ao barulho, mas agora Rosa Grilo conta uma coisa diferente. Na sessão desta terça-feira, 30 de maio, a mulher que já se assume como a assassina garantiu que fez tudo sozinha. Começou por roubar a arma do amante e resolveu testá-la, para aprender a disparar. Em tribunal, disse ter dado dois tiros. O primeiro, na banheira. “Tapei o buraco com silicone”, disse. O segundo, na garagem. “Não sei se acertei em alguma coisa nem sei onde ficou o invólucro". Até que chegou o dia do crime.

Rosa drogou o filho com calmantes, para ele estar meio adormecido, e depois ligou à irmã de Luís Grilo, pedindo-lhe para ficar com a criança. Ela foi buscá-lo e deixou Rosa sozinha com o marido, que dormia profundamente. Foi então à cama e deu-lhe dois tiros. "Mas só acertei um", disse em tribunal.

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Com a arma do crime nas mãos, foi a casa do amante, que não saberia de nada, e escondeu a arma. Antes, destruiu o cano, para que ninguém pudesse perceber que tinham sido disparados tiros daquela pistola. Depois, voltou para casa para tratar do corpo de Luís. De acordo com a nova versão, Rosa usou lixívia para limpar todo o sangue, depois embrulhou o cadáver com um lençol, atou-o com uma corda e arrastou-o escada abaixo por dois andares. Isto teria, naturalmente, deixado alguns hematomas no corpo (e aqui a história começa a ficar pouco credível). Meteu o corpo de Luís numa carrinha, enfiou para lá a bicicleta (para poder parecer que ele tinha ido dar um passeio e desaparecido), e voltou para casa. Usou toalhas de banho para recolher todo o sangue, lavou tudo e só depois foi levar o corpo na carrinha. Terá usado diferentes locais para se desfazer de tudo. A bicicleta, essa, ficou na estrada.

Mas onde é que a história não bate certo? Precisamente na questão do transporte do corpo. De acordo com o relatório da autópsia, o facto de não haver quaisquer hematomas ou lesões causadas pelo comportamento de transportar o corpo escadas abaixo ao longo de dois andares prova que o mesmo terá de ter sido transportado (e não arrastado) por duas pessoas, já que Rosa não o conseguiria fazer sozinha.

Recorde-se que Rosa Grilo matou o marido para poder assumir a relação com o amante, António Joaquim, e para receber os perto de 500 mil euros relativos ao seguro de vida do marido.