O Ministério Público de Setúbal acusou um médico obstetra de 74 anos, do Hospital de Setúbal, pela morte da bebé da apresentadora de televisão Sara Santos, durante o parto, em fevereiro de 2018. A apresentadora, que estava grávida de 30 semanas, garante que quer o médico atrás das grades, mas diz que isso "já devia ter acontecido há muito tempo".
O Ministério Público de Setúbal acusa o obstetra responsável pela cesariana de prolongar o sofrimento da bebé, resultando daí a sua morte, e considera que esta podia ter sido evitada se o parto ocorresse logo após o resultado dos exames. A decisão do Ministério público foi divulgada esta sexta-feira, 21 de janeiro, pelo "Jornal de Notícias".
"O que ele fez foi homicídio", acusa. "Foi acusado de homicídio por negligência e omissão", insiste Sara Santos, em declarações à MAGG, garantindo que há uma contradição na legislação atual.
"Repare: se é um homicídio, tem de ser igual para toda a gente. Quando o feto está dentro da barriga da mãe ainda não é considerado pessoa, porque não tem nome e ainda não está registado. Há aqui uma atenuante, mas há uma lei que se contradiz.
Para uma mulher que aborta depois das 15 semanas já há um artigo que diz que essas mulheres podem apanhar até três anos de prisão. Então porque é que, para uns, os bebés não são considerados identidade; e, para outros, já são? É só porque é médico?", questiona a apresentadora.
"O médico fez a cesariana e nunca mais o vi na minha vida"
À MAGG, Sara Santos relata o dia da morte da filha, 6 de fevereiro de 2018, desde que foi hospitalizada até ao momento em que soube, pelo marido, que a bebé não tinha sobrevivido.
"Entrei no hospital, com dores de cabeça e a minha tensão já estava elevadíssima. Estava com pré-eclampsia já. Podia ter morrido, foi uma sorte ter sobrevivido. Assim que entrei, fizeram-me a triagem e assim que me ligaram ao CTG, naqueles dez primeiros minutos, acusou logo um sofrimento fetal", explica.
"A lei é bem clara nisto: quando há sofrimento fetal e a mãe está com pré-eclampsia, a cesariana tem de ser realizada imediatamente", diz. "Este médico esperou mais de três horas, comigo com uma pré-eclampsia e com a minha filha a morrer lentamente dentro de mim, como se tivesse um saco de plástico na cabeça e fosse morrendo sufocada".
Sara Santos conta que, à hora do parto, ninguém a informou de que a filha tinha morrido. O médico obstetra nunca falou diretamente com a apresentadora.
"O médico fez a cesariana e nunca mais o vi na minha vida. Senti logo que a minha filha tinha morrido, mas só soube pelo meu marido. Assim que o vi a chorar no corredor, percebi logo", explica Sara Santos, que revela que só no dia seguinte o diretor do serviço de obstetrícia de então, que já não trabalha no mesmo hospital, revelou o que tinha acontecido, já com a autópsia da filha na mão.
Em declarações à MAGG, a apresentadora conta que, pelo que sabe, o médico que acusa ainda está a exercer e foi recentemente condenado por um caso semelhante. Desta vez, pelo tribunal de Portimão.
"Há aqui já uma condenação. Foi condenado a 12 meses e teria de pagar uma multa, mas recorreu. Como recorreu, temos de aguardar o desfecho final". Ainda assim, Sara garante que o médico em causa já conta com vários processos na Ordem dos Médicos, mas ainda nada foi feito.
Agora, mostra-se satisfeita com a chegada do processo ao tribunal e pede a condenação do médico a uma pena prisão efetiva, como, diz, ter pedido "desde o início". Sara Santos está a aguardar uma reposta desde 2020, mas tem esperança de que a conclusão do processo chegue dentro de um ano, no máximo.
No que ao futuro diz respeito, Sara Santos prefere não adiantar se mantém ou não a vontade de ter mais filhos, mas explica que tem informações clínicas que garantem que todos os futuros bebés correm o risco de nascer prematuros. O primeiro filho da apresentadora nasceu há cerca de 18 anos, com 1 quilo.
"Não posso, nem quero, colocar a minha vida em risco. Tenho um filho para tomar conta e que precisa de mim", diz.