A cidade de Moscow, no estado de Idaho, Estados Unidos, é, há um mês, notícia. Isto porque quatro estudantes da Universidade de Idaho foram brutalmente assassinados na madrugada de 13 de novembro. Um mês depois, pouco se sabe sobre os contornos do crime.
Ethan Chapin, Xana Kernodle, Madison Mogen e Kaylee Goncalves, com idades compreendidas entre os 20 e 21 anos, foram esfaqueados até à morte, numa casa situada no campus universitário. Os resultados da autópsia concluíram que os jovens terão morrido de madrugada, entre as 3 horas e as 4 horas da manhã.
"As feridas eram bastante grandes. Tivemos homicídios no passado, mas nenhum teve a dimensão dos assassinatos destes estudantes. Havia imenso sangue no apartamento. É traumático encontrar quatro jovens universitários mortos numa residência" explicou Cathy Mabbutt, médica legista do condado de Latah, Idaho, à "NBC News".
Assim, tendo em conta a dimensão das lesões que os corpos dos jovens apresentavam, a médica ainda acrescentou que a arma do crime não pode ter sido uma "faca de bolso", mas sim uma de grandes dimensões. Além disso, frisou que, com 16 anos de carreira que leva às costas, nunca tinha experienciado um cenário tão grotesco.
Nos dias seguintes, as autoridades da cidade de Moscow foram rápidas a tentar minimizar as preocupações dos cidadãos, descartando a possibilidade de haver algum assassino à solta que pusesse em causa a segurança da comunidade local. No entanto, visto que não conseguiram apurar pormenores dos homicídios, tiveram de voltar atrás, sendo que não têm exatamente a certeza do que aconteceu, diz o "The New York Times". Eis tudo o que se sabe.
Horas de folia antes da tragédia
Horas antes dos homicídios, os estudantes tinham aproveitado a noite de sábado, 12 de novembro, para saírem à noite. Ethan e Xana ficaram-se por uma festa no campus, numa fraternity [fraternidade, em português – residências estudantis típicas da cultura universitária norte-americana, que contam com nomes e rituais de iniciação próprios]. Já as outras duas vítimas, Madison e Kaylee, decidiram ir até a um bar, onde ficaram até às 1h30 da manhã, avança a "CNN International".
Vindas desse mesmo bar, as estudantes passaram por uma rulote, na qual pediram comida e onde foram gravadas pelas câmaras de vigilância, que comprovam essa paragem. Depois, apanharam boleia e foram embora do local, informação que foi confirmada também pelas autoridades, explica a mesma publicação.
Poucos minutos antes das 2 horas da manhã, as câmaras de vigilância de um vizinho mostraram as duas amigas a voltar para casa. Já lá dentro, entre as 2h26 e as 2h52, os registos telefónicos mostraram que Kaylee e Madison fizeram uma série de chamadas para o ex-namorado de Kaylee, Jack DuCoeur, que não foram atendidas. Ainda que Jack pudesse ser um suspeito, a família Gonçalves já veio dizer que confia plenamente no jovem e que sabe que ele não é responsável pelos crimes.
Todas as imagens das câmaras de vigilância dos locais em que os jovens estiveram, naquela noite que viria a ser fatídica, foram a divulgadas pela imprensa norte-americana e nas redes sociais, com o objetivo de tentar reunir informações que pudessem ajudar a investigação – o que acabou por não surtir qualquer efeito.
Os sobreviventes
Ethan Chapin, Xana Kernodle, Madison Mogen e Kaylee Goncalves não eram os únicos na casa, que se constituiu como cena do crime. Enquanto os quatro amigos estavam a ser mortos, duas outras companheiras de casa também lá estavam, mas não foram atacadas.
A casa tem seis quartos, dois em cada andar, e as autoridades disseram as duas colegas das vítimas estavam a dormir, enquanto os homicídios ocorriam. Quando estas acordaram, acabaram por pedir a alguns amigos que fossem lá ter a casa, porque acreditavam que uma das jovens, que morava no andar de cima, “tinha desmaiado e não estava a acordar”, explica o "The New York Times".
Depois de os amigos chegarem, alguém desse grupo ligou para o 112, pouco antes do meio-dia. Quando a polícia chegou, encontraram as vítimas, que estavam no segundo e terceiro andares. As companheiras de casa foram interrogadas, mas os inspetores decidiram retirá-las da lista de suspeitos e não divulgar as identidades.
Um mês depois, como está a investigação?
Já se passou um mês desde a noite fatídica. E mesmo que surjam cada vez mais pistas, ainda há mais perguntas do que respostas. Os últimos dois desenvolvimentos dizem respeito a um carro que foi visto nas imediações do local do crime e a gravações de câmaras corporais de uns polícias, que estavam a fazer uma intervenção num grupo de jovens, também perto da casa das vítimas.
As autoridades estão, desde esta sexta-feira, 9 de dezembro, a pedir informações a todos aqueles que tenham visto um Hyundai Elantra branco, uma vez que acreditam ter estado na área circundante à cena do crime na noite dos homicídios, avança a "CNN International". O carro parece ser uma pista relevante, já que os ocupantes podem ter visto algo que ajude a solucionar o mistério.
Quanto às imagens das bodycams, estas parecem ser importantes, sendo que foram captadas por polícias à paisana, na noite dos assassinatos, perto do local do crime. Apesar de os vídeos mostrarem uma intervenção que nada tem que ver com as mortes, uma vez que as autoridades intervinham junto de um grupo de menores de idade que estava a consumir bebidas alcoólicas, há um aspeto que merece alguma atenção.
É que, em pano de fundo, vê-se um grupo a passar rapidamente pela polícia, que se encontrava a apenas duas casas de distância da cena do crime. As imagens foram destacadas por uma jovem que produz conteúdos de crimes reais, Olivia Vitale, que considera que as autoridades podem ter ali um grupo com informações importantes, avança o "Daily Mail".
Não tendo sido ninguém dado como suspeito (não oficialmente, pelo menos), nem tendo sido descoberta a arma do crime, há ainda muito para investigar. Contudo, uma coisa é certa: "Ainda estamos 100% comprometidos em resolver este crime", garantiu Roger Lanier, um polícia da cidade de Moscow, esta segunda-feira, 12 de dezembro, citado pela "CNN International".
“Não estamos a divulgar detalhes específicos porque não queremos comprometer esta investigação. É o que devemos fazer. Devemos isso às famílias e às vítimas. Queremos mais do que apenas uma detenção, queremos uma condenação”, concluiu o responsável.