Quando foi abandonada em criança pelo pai, Ana Parra sabia que tinha um meio-irmão, só não que não lhe passava pela cabeça que iria apaixonar-se por ele. Aos 20 anos entrou em contacto com Daniel Parra, que na altura tinha 17 anos, e os dois apaixonaram-se. Hoje, têm dois filhos, de 5 e 3 anos, e estão a lutar para que haja uma mudança de lei em Espanha, para casarem-se formalmente.

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"A minha mãe contou-me que o meu pai nos abandonou para formar uma outra família e que teve outro filho", conta Ana em entrevista ao jornal “El Español”. A jovem revelou que não sabia o nome nem a idade do irmão, mas suspeitava que vivesse em Granollers, Barcelona, e com uma simples investigação na rede social conseguiu encontrá-lo.

"Adicionei o Daniel a um perfil anónimo para que ele não visse os apelidos. Simplesmente queria resolver esta dúvida. Tive medo que, ao contar-lhe toda a história, pudesse destruir todo o seu mundo. Ainda assim, não pude deixar de lhe dizer quem eu era", afirma.

Começaram a falar através das redes sociais e, dois dias depois, encontraram-se pessoalmente e esses encontros tornaram-se cada vez mais frequentes.

O primeiro beijo surgiu numa festa e acabaram por se afastar depois do sucedido. “Fomos cada um para seu lado, ficámos com vergonha do que tinha acabado de acontecer. Tínhamos de o esquecer. É impossível ter uma relação com um irmão. Não estava nas nossas cabeças ter algo mais”, afirma Ana em entrevista à rádio Rivadavia, da Argentina.

“Tentávamos manter uma relação de irmãos, mas tornou-se difícil para nós. Somos dois jovens que um dia se conheceram e apaixonaram-se. A sociedade é regida por normas morais e a nossa moral, no fundo, impediu-nos de dar esse passo. Se pensarmos bem, a nossa relação é como qualquer outra, exceto por um livro de família que diz que somos irmãos de sangue”, explicou Daniel.

Ana e Daniel contam que sofrem com a maneira ofensiva a que as pessoas se referem em relação à saúde dos dois filhos.

“Colocamos fotografias dos nossos filhos nas redes sociais porque ainda nos dizem que de certeza que têm alguma síndrome, quando estão perfeitamente saudáveis e bonitos”, explicam, acrescentando que as duas crianças sabem que os pais são irmãos, mas por serem ainda muito pequenos ainda não se apercebem bem.

Apesar de o incesto não ser crime em Espanha desde 1978 e de no registo civil, os dois constarem como pais das crianças, o país proíbe o casamento entre parentes diretos, impedindo Ana e Daniel de contraírem matrimónio.

“Sei que na Suécia, por exemplo, nos deixavam casar. Contactámos uma advogada que nos disse que não seria muito difícil, mas levaria muito tempo e dinheiro”, afirma Daniel. “A sociedade deve seguir em frente e não viver de tradicionalismos. Os homossexuais também não podiam casar-se e agora já podem. Nós amamo-nos e é isso que deve prevalecer. Não fazemos mal a ninguém. Queremos que as pessoas conheçam a nossa verdadeira história”, conclui Ana.

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