
A Carris chegou a ter, até 2007, uma equipa de 24 trabalhadores exclusivamente dedicada à manutenção dos ascensores da Glória, do Lavra, da Bica e de Santa Justa. Esta equipa garantia assistência permanente, dado que em cada um dos equipamentos, dois funcionários trabalhavam em turnos de oito horas, assegurando o bom funcionamento e segurança dos ascensores, além da presença regular dos guarda-freios, avança o jornal "Público".
Entre as tarefas de rotina estava a verificação minuciosa dos cabos de aço. Um dos técnicos, munido de luvas, deslizava as mãos ao longo do cabo e contava os fios soltos, sendo que três ocorrências num metro bastavam para ordenar a paragem imediata do elevador.
Com a contratação do serviço a empresas externas, a realidade alterou-se. O número de funcionários destacados para estas funções caiu de 24 para seis, passando as inspeções de permanentes a diárias. Vistorias que, segundo o mesmo jornal, na passada quarta-feira, 3 de agosto, dia do descarrilamento, se limitaram a 33 minutos.
Os procedimentos atuais obrigam o técnico a descer ao fosso e acompanhar uma viagem completa do elevador, verificando se existem fios partidos no cabo. Caso sejam detetados, o sistema deve parar de imediato por motivos de segurança.
Fontes internas da Carris relatam, no entanto, que havia já a perceção de que o Elevador da Glória não operava em condições ideais, sobretudo devido a problemas de sobrecarga, escreve a mesma publicação.
Entre os sinais mais preocupantes destacavam-se o balanço excessivo das cabines e um “chocalhar” no funcionamento, com os guarda-freios a chegarem mesmo a alertar para folgas nos cabos. Num incidente registado há alguns meses, uma das carruagens embateu nos degraus de acesso à Rua da Misericórdia.
O Elevador da Glória descarrilou na tarde desta quarta-feira, pelas 18 horas, um acidente que causou 16 mortos e vários feridos.