Investigadores de todo o mundo trabalham em contra-relógio para desenvolver uma vacina que se mostre eficiente no combate ao COVID-19. E agora surge uma nova hipótese vinda de um laboratório da Austrália depois de um grupo de investigadores ter conseguido matar o vírus através da utilização de um fármaco antiparasitário que é comum no combate às lombrigas, piolhos, sarnas e outros vermes.
Por ter sido numa altura inicial da fase de testes, a experiência foi conduzida em laboratório e sobre tecidos sem grande complexidade. Mas embora os resultados tenham dado alguma esperança aos especialistas envolvidos, ainda não há resultados suficientes para elevar as expcetativas.
"É preciso manter o espírito crítico. Sabemos, já desde o ébola, que alguns antiparasitários com atividade viral numa cultura de células sofrem interferências quando transpostos para um sistema mais complexo", clarifica Kamal Mansinho, diretor do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Egas Moniz, ao jornal "Expresso".
Por ter sido um dos primeiros médicos a tratar o VIH em Portugal, Kamal Mansinho alerta para a probabilidade de estarmos a assistir com esta experiência o mesmo que se verificou anteriormente numa altura em que estavam em testes vários medicamentes para o VIH.
“Lembro-me de que foi encontrada uma molécula que, in vitro, bloqueava a entrada do vírus nas células e depois percebeu-se que a molécula fazia o vírus abrir entradas noutras células com efeitos ainda mais nocivos", continua.
E diz que o próximo passo é aplicar os testes da ivermectina, o fármaco testado em laboratório, a humanos. Só nesse momento é que será possível concluir se o antiparasitário destrói ou não a COVID-19 do organismo humano.
“São precisos protocolos terapêuticos para fazer a experimentação de um fármaco, um braço de controlo, para não comprometer o futuro. Se forem queimadas etapas neste processo, não será possível retirar conhecimento para o futuro e na próxima vez em que tivermos uma situação nova voltaremos à estaca zero. E isso não é aceitável”, conclui.