Vanessa Nakate, ativista ugandesa, foi cortada de uma fotografia divulgada pela Associated Press. A imagem em questão foi tirada em Davos, na Suíça, numa cimeira sobre as alterações climáticas. No grupo de cinco raparigas ativistas encontravam-se Nakate e Greta Thunberg.
A situação foi exposta várias vezes nas redes sociais de Vanessa Nakate com frases que diziam estar a ser vítima de racismo. “Magoa que isto me tenha acontecido a mim”, começou por escrever numa publicação no Facebook esta sexta-feira, 24 de janeiro. “Eu tenho falado sobre isto porque é errado. Mas pelo menos agora sei que isto não vai acontecer a mais nenhum ativista climático africano. Agora é o tempo de ouvir a voz africana”.
“Toda a gente diz que eu me devia ter posicionado no meio. Está errado. Um ativista africano tem de se posicionar ao meio só pelo medo de ficar cortado depois? Não deveria ser assim”, disse Nakete numa publicação.
Depois de várias publicações onde se encontra uma montagem das duas fotografias – uma em que Vanessa aparece e outra em que aparece cortada – a ativista dirigiu-se diretamente à Associated Press. “Nós não merecemos isto. África é dos que emite menos carbono mas aquele que é mais afetado pela crise climática", disse. "Apagarem as nossas vozes não vai mudar nada. Mudarem as nossas histórias não vai mudar nada. Obrigada Associated Press o que fizeram indica o que somos nós para vocês”, escreveu.
Mas esta não foi a última mensagem referente ao assunto. “Estou triste por causa das pessoas de África. Isto mostrou o que nós valemos para vós. Magoou-me profundamente. É a pior coisa que eu já vi na minha vida. A sair de Davos. Obrigada pelas memórias. Vou-me embora como a maior ativista climática de sempre. Nota: agora sei a definição de racismo”.
A Associated Press restituiu a fotografia original, explicando que não houve “má intenção”. Ainda assim, a nova legenda da fotografia não referencia a mudança, nem explica o anterior corte.