Dois cidadãos suecos foram mortos a tiro e um motorista de táxi local ficou ferido num atentado em Bruxelas, na Bélgica, pouco depois das 19 horas locais desta segunda-feira, 16 de outubro. Depois do tiroteio, o terrorista fugiu de mota, começando a perseguição deste em toda a capital belga. O atentado ocorreu a cerca de cinco quilómetros do estádio onde a Suécia defrontava a Bélgica num jogo de qualificação para o Euro 2024.
Como o atentado começou cerca de 45 minutos antes do início do jogo, este foi interrompido no intervalo e mais de 35 mil adeptos foram mantidos no Estádio Rei Balduíno até perto das 23h30, segundo o “Record”, enquanto a polícia procurava o atirador. Os jogadores suecos não quiseram continuar o jogo e os belgas apoiaram a decisão.
“Na sequência de uma suspeita de ataque terrorista em Bruxelas, foi decidido, após consulta das duas equipas e da polícia local, que o encontro seria abandonado. Mais comunicações serão feitas posteriormente”, confirmou a UEFA.
Segundo um jornal belga, uma testemunha terá ouvido o terrorista a gritar “Allahu Akbar” ("Alá é grande” em árabe) antes de começar a disparar. Pouco depois do tiroteio, o homem publicou dois vídeos numa página de Facebook, segundo o "Het Nieuwsblad", a afirmar ser membro do grupo terrorista do estado islâmico, um “combatente de Alá”, e ainda confessou que realizou o ataque por “vingança em nome dos muçulmanos”.
O homem suspeito do ataque foi baleado no peito num café na comuna de Schaerbeek, em Bruxelas, na manhã desta terça-feira, 17 de outubro, segundo informou a ministra do Interior belga, Annelis Verlinden. A espingarda automática encontrada perto da pessoa que foi baleada era a mesma arma utilizada no atentado. Foi declarado que a polícia tinha “neutralizado” o suspeito, mas às 9h30 (hora local) anunciaram que o suspeito tinha morrido depois de ter sido levado para o hospital.
Tratava-se de Abdesalem L., um homem tunisino de 45 anos que teve o seu pedido de asilo negado em 2019. Já era conhecido da polícia e suspeito de estar envolvido em tráfico de seres humanos, de viver ilegalmente na Bélgica e de constituir um risco para a segurança do Estado, conforme escreve a "Sky News". Este era também suspeito de ter ameaçado uma pessoa num centro de asilo e uma audiência sobre este incidente teria lugar esta terça-feira, segundo disse Vincent Van Quickenborne, ministro da Justiça do país.
“Neste momento, nenhum elemento indica uma possível ligação com a situação israelo-palestiniana”, disse o porta-voz do gabinete do procurador federal Eric Van Duyse aos jornalistas.
A família real belga já se pronunciou sobre o atentado. “Estamos em choque com o tiroteio que atingiu a nossa capital esta noite. O nosso pensamento está com as vítimas, as suas famílias e os seus entes queridos”, afirmaram.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encontra-se na Bélgica a convite dos monarcas belgas. Depois do jantar oferecido esta segunda-feira pelos mesmos, as autoridades belgas aconselharam-no a regressar ao hotel e a não ir a um estabelecimento comercial ver o jogo entre a seleção portuguesa e da Bósnia-Herzgovina.
Para Marcelo Rebelo de Sousa deve-se “separar” o atentado em Bruxelas da situação no Médio Oriente e este afirmou que o motivo, segundo soube, terá sido religioso e relacionado com a polémica da queima de livros do Corão que abalou a relação entre a Suécia e vários países muçulmanos, avança a RTP.
“Parece ser mais uma questão anterior, que aparece agora neste momento por um facto muito simples, pela oportunidade que este desafio de futebol [entre a Bélgica e a Suécia] acabou por criar objetivamente”, afirmou o presidente da República.