A partir deste domingo, 31 de outubro, Glasgow será o palco da 26.ª Conferência das Partes, o órgão responsável pela tomada de decisões da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC). A conferência sobre o clima vai decorrer até 12 de novembro e está a ser encarada como a última grande oportunidade de juntar líderes mundiais num esforço conjunto para salvar o planeta.
Entre jornalistas, ativistas, políticos e especialistas na área da ciência e das alterações climáticas, estima-se que participem mais de 25 mil pessoas, mas já há ausências confirmadas e significativas. Além de Vladimir Putin, presidente da Rússia, que vai participar na conferência de forma virtual, a não comparência mais notável será a de Xi Jinping, presidente da China que, à data, está identificado como o país mais poluente.
O 26.º encontro decorre agora depois de ter sido adiado devido aos efeitos da pandemia em todo o mundo, mas também após uma COP25 que, segundo a imprensa especializada, não permitiu chegar-se a qualquer consenso.
Realizada em Madrid, em 2019, o encontro viu a aprovação de resoluções com o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, mas as negociações prolongaram-se por vários dias e a questão dos mercados de carbono ficou em aberto, sendo a sua discussão adiada para este novo encontro, escreve a revista "National Geographic".
Afinal, o que vai ser discutido nesta nova conferência sobre o clima?
É com base neste contexto que, no programa para esta COP26, a UNFCCC limitou a ordem de trabalhos a alguns pontos essenciais: garantir que a meta, firmada no Acordo de Paris, em 2015, de limitar o aquecimento global abaixo dos 1.5 graus é mantida; assegurar a neutralidade de carbono global; garantir que todos os líderes trabalham em conjunto para concretizar as medidas; e que há mobilização financeira para que as metas sejam atingidas.
Além disso, espera-se também que a COP26 sirva como palco de discussão no sentido de se manter a promessa de mobilizar 100 mil milhões de dólares (cerca de 89 mil milhões de euros) para que os países mais pobres tenham forma de combater as alterações climáticas e os seus efeitos. Essa meta nunca foi alcançada.
Este novo encontro está a ser encarado como de extrema importância já que será a primeira vez que serão revistos os compromissos firmados pelos líderes mundiais no Acordo de Paris.
Na altura, vários líderes comprometeram-se a limitar o aquecimento global a um aumento de dois graus, "desenvolvendo esforços" para que o valor ficasse a baixo dos 1.5 graus. O problema é que os vários cortes com que se comprometeram para a redução das emissões de dióxido de carbono eram, já altura, insuficientes, escreve o "Diário de Notícias".
Os compromissos em questão têm, agora, de ser revistos de cinco em cinco anos e esta será a primeira vez que tal acontecerá desde o Acordo de Paris.
Mas a uma semana do início da COP26, mais de um terço dos países do mundo, entre eles os maiores poluentes, ainda não tinham dado a conhecer os seus novos compromissos para reverter o número de emissões, escreve a rádio Renascença.
As metas foram cumpridas?
Numa palavra, não. Estima-se que, se nada mudar, haverá um aquecimento de 2.7 graus ao longo do século.
Para reverter a situação, os especialistas defendem que será necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em em 45% até 2030.
Ainda que a conferência procure a união entre países num esforço conjunto de tentar salvar o planeta, a mobilização monetária será sempre um assunto, mas também a burocracia e possíveis reviravoltas políticas inesperadas — que podem prejudicar, atrasar ou impedir avanços nas negociações e tomadas de posição.
O caso mais recente será o de quando, em 2017, Donald Trump e a sua administração, que sucedeu à de Barack Obama, fez saber que iria retirar os EUA — outro dos países mais poluentes do mundo — do Acordo de Paris. Esta saída, no entanto, foi revertida por Joe Biden no mesmo dia em que se tornou presidente dos EUA.
Além desta conferência, está marcada uma nova, a COP27, para novembro do próximo ano, no Egito.