Um dos julgamentos mais mediáticos do ano já começou. Sean “Diddy” Combs, rapper mais conhecido como P. Diddy ou Puff Daddy, foi acusado de uma panóplia de crimes sexuais e tráfico humano em setembro de 2024, inclusive pela sua namorada de mais de uma década, e foi na passada segunda-feira, 12 de maio, que começou a ser julgado. Até ao momento, segundo a “People”, já testemunhou um acompanhante sexual e Cassie Ventura, a ex-namorada, que fez revelações chocantes sobre o relacionamento dos dois. 

Sean Combs está a ser julgado por crime organizado, tráfico sexual e tráfico humano, dos quais se continua a declarar inocente. A acusação alegou que o rapper coagiu e abusou de várias mulheres durante anos com a ajuda de uma rede de associados e funcionários, e que conseguiu manter tudo em segredo através de chantagens e atos violentos, incluindo raptos e espancamentos físicos, para impedir as vítimas de se manifestarem. Diddy organizava ainda várias maratonas sexuais em hotéis de luxo, que foram apelidadas de "freak-off parties", segundo a CNN.

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O julgamento está assim previsto durar oito semanas, terminando em meados de julho. Além de Cassie Ventura, também irão testemunhar três mulheres que foram vítimas dos alegados abusos de P. Diddy, mas que permanecerão anónimas por pedido feito ao tribunal no passado mês de abril. Algumas outras celebridades também foram mencionadas aquando da preparação para o julgamento, nomeadamente Michael B. Jordan, por ser amigo de Cassie Ventura, e Kid Cudi, por ter tido um relacionamento com a mulher depois de esta se ter envolvido com Sean Combs, mas não é certo que apareçam em tribunal. 

No entanto, de acordo com a CBS News, durante esta primeira semana de julgamento, o testemunho de Cassandra Ventura, apelidada de Cassie, será mesmo o grande foco - e não é para menos, uma vez que a ex-namorada do rapper acusado, relação esta que terminou em 2018, confessou vários momentos da relação em tribunal que deixaram os internautas chocados. A mulher chegou a tribunal na terça-feira, 13 de maio, e continuou o seu testemunho no dia seguinte, 14, começando logo no primeiro dia por se emocionar ao detalhar o relacionamento de uma década com Sean Combs e os abusos que alegadamente sofreu, segundo a “People”.  

Mas ainda antes disso, na segunda-feira, Daniel Phillip, um acompanhante sexual, relatou um episódio que teve com Cassie Ventura a pedido de P. Diddy, precisamente numa das suas  "freak-off parties". O homem diz ter tido relações com a mulher depois de ter sido pago pelo cantor, ao mesmo tempo que Sean Combs estaria no quarto a ver tudo a acontecer. A certa altura, Daniel Phillip afirmou ter ouvido o rapper a agredir Cassie Ventura, e explicou que a mulher “estava a tremer incontrolavelmente, obviamente com medo”, mas que depois acabaram mesmo por se envolver. 

Ainda sobre estas festas, Cassie Ventura confessou na terça-feira, 13, que Sean Combs a convidou para a primeira com apenas 22 anos, e que não sabia, na altura, que “dizer não” estava em cima da mesa, uma vez que não sabia o que é que lhe podia acontecer se negasse esta diversão ao rapper, de acordo com a mesma revista. "A mais longa durou quatro dias ou até mais, com pausas. Depois, eu estava a recuperar das drogas, da desidratação, apenas a tentar manter-me acordada o tempo todo. As freak-offs tornaram-se um trabalho”, disse em tribunal, acrescentando que consumia cocaína, MDMA, ecstasy e outras drogas para conseguir estar nas festas. 

Além disso, Cassie Ventura testemunhou que, por vezes, Sean Combs ou um dos acompanhantes sexuais urinavam em cima dela nestas festas, e que por vezes até acontecia ao mesmo tempo. Quando a procuradora assistente dos EUA, Emily Johnson, perguntou à mulher se era algo que ela queria que acontecesse, ela respondeu de forma negativa. “Não. Mas não havia conversa. Era algo que excitava [o rapper], então simplesmente acontecia”.

Cassie Ventura chegou até a afirmar que, em determinados momentos, sentia-se “a sufocar” porque havia “urina a mais” na sua boca, e que não era algo que acontecia sempre, mas que acabou por se tornar regular para ser “um padrão”. E além de ter que ingerir urina, a mulher também alegou que P. Diddy a forçava a ter relações sexuais com acompanhantes enquanto estava com o período. “Esperava-se que eu tivesse freak offs durante o meu período. Sean esperava isso. Acho que ninguém quer fazer isso.”

Quanto ao controlo na relação, Cassie Ventura explicou que Sean Combs começou a dizer-lhe como se vestir e como se relacionar com o mundo à medida que os dois começavam a ganhar mais estabilidade, e que inclusive costumava puni-la quando sentia que a mulher estava a fazer algo para o seu desagrado, retirando-lhe o telemóvel, o computador ou outros dispositivos eletrónicos. Cassie Ventura também afirmou que o rapper tinha um rigoroso regime de exercício físico que queria que ela seguisse.

Já sobre as relações sexuais entre os dois, a mulher afirmou que a primeira vez que experienciou sexo oral foi com Sean Combs, mas que não foi recíproco, e isso deixou o rapper furioso. “O Sean ensinou-me como. Ele fez-me sexo oral, mas eu não retribuí, simplesmente fui para casa. Ele fez-me sentir como uma louca por não retribuir, mas eu não entendia toda aquela experiência e na altura estava num relacionamento com outra pessoa”, disse em tribunal. No entanto, quando realmente tiveram relações sexuais, estas só aconteceram depois de o rapper drogar Cassie Ventura. 

“Eu estava a beber vinho, depois comecei a tomar drogas, um comprimido de ecstasy azul em forma de golfinho. Sean deu-mo, eu nunca tinha tomado antes. Estava completamente fora de mim, a rir, sem saber o que era até algum tempo depois”, afirmando que na altura estava “muito alterada” e “sensível ao toque e a todos os sentidos”. O tempo foi passando e as relações sexuais entre eles continuaram, mas Cassie Ventura sabia que, em algumas festas freak-off, Sean Combs a gravava para usar os vídeos como “material de chantagem”.

No início do julgamento, Marc Agnifilo, que está a liderar a defesa do rapper e que está também a representar Luigi Mangione, disse que iria “lutar com todas as forças” para conseguir a libertação de P. Diddy, e que o rapper só precisava de confiar na sua equipa. “Ele vai lutar com toda a sua energia, com toda a sua força e com a plena confiança dos seus advogados, e eu espero uma longa batalha com um bom resultado para o Sr. Combs”, disse, acrescentando que o rapper não era um “predador sexual” e sim um “swinger”, segundo a ABC News.