Um estudo efetuado por uma equipa de cientistas da Universidade de York veio confirmar que os rios de todo o mundo estão contaminados com níveis perigosos de antibióticos. Em alguns locais, as concentrações de antibióticos excedem os níveis recomendados em 300 vezes.
Este estudo está a ser revelado na reunião anual da Sociedade de Toxicologia Ambiental e Química que este ano decorre em Helsínquia, na Finlândia, entre 27 e 28 de maio.
O rio Tamisa, em Londres, está contaminado com cinco tipos de antibiótico, incluindo níveis superiores àqueles permitidos, de Ciprofloxacina, usado para tratar a pele e infeções urinárias. Num local no Bangladesh, foram encontrados níveis de Metronidazol 300 vezes superiores à concentração considerada segura.
Os investigadores analisaram 14 antibióticos comuns em rios de 72 países e encontrou-os em dois terços das amostras. O mais comum, no entanto, é Trimetoprim, que é usado para tratar infeções urinárias e que estava presente em 307 das 711 amostras analisadas.
Os cientistas receberam exemplares de todo o mundo e concluíram que países como Bangladesh, Quénia, Gana, Paquistão e Nigéria teriam os rios mais contaminados. A equipa de investigadores afirmou ainda que a Ásia e a África eram os continentes onde os limites seguros eram mais vezes ultrapassados, ainda que os restantes continentes não estejam livres de contaminações.
“Os resultados são preocupantes e demonstram uma contaminação cada vez maior dos sistemas de rios com compostos derivados de antibióticos”, referiu, segundo “The Independent”, o professor do Instituto de Sustentabilidade Ambiental de York, Alistair Boxall. “Muitos cientistas reconhecem agora o papel do ambiente na crescente resistência dos microrganismos. Os nossos dados indicam que a contaminação dos rios por parte dos antibióticos pode ser um importante contribuidor”, continua.
Receia-se que os antibióticos nos rios causem um desenvolvimento de bactérias que consigam resistir aos medicamentos, o que poderá significar que estes deixem de ser usados na medicina. As Nações Unidas estimam que a crescente resistência aos antibióticos mate 10 milhões de pessoas até 2050.