Para a sociedade sul-coreana, a alimentação é tão importante que são várias as tradições associadas ao ato de comer, desde receitas a regras de etiquetas. É desta forte cultura que nasce o mukbang, que consiste na transmissão de vídeos (em direto ou em diferido) de pessoas a comerem largas quantidades de comida como noodles, comida típica da Coreia do Sul ou pizza.
Esta tendência surgiu entre 2010 e 2011 na Coreia do Sul, e tem vindo a ganhar cada vez mais seguidores um pouco por todo o mundo. Os vídeos são colocados em plataformas como YouTube, Twitch ou até na Afreeca TV, um serviço de streaming criado e desenvolvido na Coreia do Sul, em 2005, e que foi o berço de nascimento deste tipo de conteúdos.
Os Broadcasting Jockey (BJ) – como são conhecidos na Coreia do Sul – começam os seus vídeos por identificarem o que estão a comer. Uns preferem comer diferentes pratos, outros optam por comer apenas um único prato mas em grande quantidade. Após estar tudo identificado, os BJ dão início à sua refeição sem dizerem uma única palavra, apenas sendo possível ouvir os sons de alguém que está a comer – seja mastigar, chupar os dedos ou até o som dos pauzinhos a bater nos pratos. Estes vídeos podem ser grandes, sendo normal terem cerca de 20 minutos.
Os vídeos de muckbang têm feito tanto sucesso que são cada vez mais os produtores deste tipo de conteúdo – como Banzz, Mbro ou Shugi – que têm vindo a ganhar bastante dinheiro. Já houve quem ganhasse cerca de nove mil euros por mês em 2016, como noticiou o site de notícias "Quartz". Estas receitas são provenientes de publicidade — quer da plataforma, quer de produtos que promovam nos vídeos — ou através de doações feitas pelos fãs, algo que a Afreeca TV permite fazer. Com o crescente número de sul-coreanos a fazerem vídeos de muckbang, o governo lançou um conjunto de diretivas que visa impedir o crescente aumento da obesidade na população.
O muckbang é também considerado um género de vídeos ASMR (Resposta Sensorial Autónoma do Meridiano), pois há quem encontre estímulos positivos e agradáveis nos sons que são feitos enquanto alguém come. Um destes exemplos é o #AfricanFoodChallenge, lançado pelo nigeriano Felix Akintunde, na sua conta de Instagram. Este desafio consiste em criar vídeos de muckbang e ASMR com pratos ou alimentos típicos do continente africano e tem como objetivo promover a cultura alimentar africana.
Em entrevista ao site nigeriano "Pulse", Felix Akintude disse que queria levar este projeto a todo o continente africano e que, para melhorar o som dos seus vídeos, quer comprar um novo microfone. "Estou a poupar para comprar um microfone para que sons que faço a comer fiquem melhores".