Dois irmãos estrelas do ramo imobiliário e um terceiro irmão, Alon Alexander, gémeo de um deles que não trabalhava na área, foram presos na quarta-feira, 11 de dezembro, depois de serem acusados de utilizarem o seu estatuto social para atrair e agredir sexualmente dezenas de mulheres.
De acordo com o “The New York Times”, o Tribunal Federal de Manhattan acusa os três irmãos de terem participado numa rede de tráfico sexual durante 14 anos. Consta da acusação que Oren Alexander, Tal Alexander e Alon Alexander trabalhavam com outros homens, organizando eventos e viagens nacionais e internacionais como isco para recrutar, aliciar e transportar mulheres, que mais tarde violavam.
As acusações foram anunciadas na quarta-feira 11 de dezembro, em Manhattan, por Damian Williams, procurador do Distrito Sul de Nova Iorque, e James E. Dennehy, chefe do escritório do FBI, avançou a mesma publicação.
“Esta conduta, como alegada, foi hedionda. Este escritório está determinado a investigar e processar qualquer pessoa que se envolva em tráfico sexual, não importa quão poderoso, rico ou famoso seja”, disse Damian Williams numa conferência de imprensa.
De acordo com as acusações, em 2016, Alon Alexander convidou uma mulher de Nova Iorque para um churrasco num condomínio em Miami Beach, Flórida, Estados Unidos. Quando a mulher chegou ao local, percebeu que era a única convidada. O homem fez uma visita guiada pelo condomínio à mulher e conduziu-a até ao quarto, de onde saíram duas empregadas de limpeza, relatou a vítima. No interior do quarto estava Oren Alexander e o primo, Ohad Fisherman. Os dois irmãos agrediram-na sexualmente, enquanto o primo a segurava.
Em 2017, outra mulher revelou que Oren Alexander lhe enviou uma mensagem no Instagram, chegando, mais tarde, a conhecê-lo, assim como ao irmão Alon Alexander e outros membros da família. A vítima disse à polícia que Oren Alexander a tinha agredido no mesmo condomínio em Miami Beach.
Nas semanas seguintes, viu Oren Alexander e exigiu um pedido de desculpas. O homem acabou por tentar beijá-la e depois masturbou-se em cima ela, avançou o “The New York Times”.
Na acusação consta também que a mulher terá contado aos seus amigos acerca do sucedido. Oren Alexander descobriu e ameaçou-a. “Não aconteceu nada. Se continuares a falar sobre isso, vou arruinar-te", escreveu o homem numa mensagem que enviou à vítima.
Em 2021, Oren Alexander violou outra mulher. A vítima conheceu-o num jantar com um amigo e acabou por ir para a casa em Miami Beach com ele. Oren Alexander levou-a para um quarto, onde a beijou e depois rasgou o seu vestido. A mulher tentou sair, mas não conseguiu, acabando por ser violada pelo homem.
As acusações surgiram em junho deste ano quando algumas das vítimas entraram com ações judiciais alegando que foram abusadas sexualmente pelos irmãos. Duas mulheres processaram Oren e Alon Alexander por agressão, outra mulher processou os gémeos e o irmão Tal Alexander. Na sequência destes processos, dezenas de outras mulheres apresentaram queixas por agressão contra os irmãos, avançou a mesma publicação.
Os irmãos são também acusados de terem drogado as mulheres, com recurso a cocaína, cogumelos e GHB, uma droga que causa perda de consciência e memória.
“Algumas das vítimas experienciaram sintomas de capacidade física e mental prejudicada, incluindo limitações de movimentos e fala e memórias incompletas”, pode ler-se na acusação.