Em agosto de 2018, Jade e Mark receberam a notícia de que, finalmente, iriam ser pais. Casados desde 2015, estavam há dois anos e meio a realizar um tratamento de fecundidade para engravidar. O casal, natural de West Yorkshire, no Reino Unido, soube que ia ter uma menina, que se chamaria Amalie.

Às 20 semanas de gravidez, numa ecografia, perceberam que algo não estava bem: a bebé era portadora de um grave defeito congénito. Um defeito congénito, também denominado como malformação congénita, é uma modificação na formação de uma pessoa. Ocorre durante a gestação — normalmente nos primeiros três meses — e pode afetar qualquer parte de qualquer órgão do corpo como músculos, ossos, coração, cérebro, medula espinhal, articulações, órgãos genitais, entre outros. No caso de Amalie, o cérebro ficaria afetado, o que causaria provavelmente paralisia e disfunção intestinal.

Numa ecografia às 20 semanas de gravidez, Jade e Mark descobriram que a filha era portadora de um defeito genético

"Antes da ecografia das 20 semanas tudo parecia estar bem e sabíamos que seria uma menina", disse Jade, ao site do jornal britânico "Mirror". "No entanto, nessa ocasião, o médico disse que algo não estava bem. O cérebro parecia maior do que devia e havia algo na espinha".

Numa consulta posterior, o médico confirmou que se tratava de espinha bífida, uma anomalia congénita do sistema nervoso que se caracteriza por um defeito na formação do tubo neural, em que o cérebro, a medula e as meninges não se desenvolvem como seria esperado.

"No caso de Amalie, isso provavelmente significaria paralisia completa das pernas, disfunção urinária e intestinal e dificuldades de aprendizagem", conta Jade. Amalie foi diagnosticada com o tipo mais grave da doença — a mielomeningocele. Este tipo de espinha bífida resulta em paralisia parcial ou completa da zona do corpo situada abaixo da abertura da medula.

Os pais foram informados de que a sua filha poderia sobreviver, mas que seria um grande desafio. Para a "libertar" de uma vida pautada pelo sofrimento e pela dor, Jade e Mark decidiram interromper a gravidez. "Foi uma decisão muito difícil que tivemos que enfrentar, mas era o melhor para ela. Sabemos o quão incrível a vida pode ser e acho que isso não iria ser possível para a Amalie de alguma forma", afirma Jade ao site do jornal "Mirror".

Às 22 semanas, uma anestesia local parou os batimentos cardíacos de Amalie.

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Jade admite que muitas vezes sente culpa. "Mas sentiria-me mais culpada ao saber que ela não teria uma vida plena". O funeral de Amalie aconteceu a 4 de janeiro.

Jade e Mark esperam um dia ter mais filhos. "Esta tem sido uma experiência difícil, mas nunca nos impedirá de tentar ter outro bebé no futuro", diz Jade.

Agora, Jade quer encorajar outras mulheres a tomar a ingrata decisão de interromper a gravidez, consoante as situações. "Embora seja uma decisão muito difícil, as mães devem poder ter a decisão de terminar com a gravidez em determinadas circunstâncias. A Amalie teria tido uma vida difícil se eu seguisse com a gravidez e esta decisão fosse feita inteiramente para ela".