Dmitri Muratov é um dos jornalistas fundadores e chefe de redação do jornal “Novaya Gazeta”. O jornal russo vencedor do Nobel da Paz em 2021 foi o último a criticar o presidente Vladimir Putin. O jornalista decidiu leiloar o prémio esta segunda-feira, 20 de junho, em Nova Iorque, avança a Agência Lusa, citada pelo “Público

Nobel da Paz premeia dois jornalistas pela luta pela" liberdade de expressão"
Nobel da Paz premeia dois jornalistas pela luta pela" liberdade de expressão"
Ver artigo

Os 98,3 milhões de euros do valor do prémio serão entregues ao programa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para crianças ucranianas que tiveram de fugir por causa da guerra naquele país do leste europeu O jornalista Dmitri Mouratov explica que porque é que escolheu entregar o dinheiro à UNICEF. “É essencial para nós que esta organização não pertença a nenhum governo. Pode trabalhar acima dos governos. Não há fronteiras para isso”.

Durante a tarde do leilão em Nova Iorque, a licitação mais elevada tinha sido de 552 mil euros (550 mil dólares), até que foi feita a licitação de 98,3 milhões de euros (103,5 milhões de dólares) por chamada telefónica, sem identificação do licitador.

O principal jornal independente da Rússia anunciou a 28 de março a suspensão das publicações online e impressas até ao fim da guerra na Ucrânia, devido à constante pressão do governo russo.

Dmitry Muratov venceu o Prémio Nobel da Paz juntamente com a jornalista filipina Maria Ressa, “pelos esforços para preservar a liberdade de expressão”.

Na entrega do prémio Nobel da Paz 2021, em Oslo, o jornalista do “Novaya Gazeta” explicou que “a descrença numa democracia significa que, com o tempo, as pessoas que viram as costas à democracia obterão um ditador e a ditadura conduz à guerra". "Esse é o próximo passo. Portanto, sejamos diretos: se recusarmos a democracia, concordamos com a guerra”.

O jornal “Novaya Gazeta” é reconhecido pelo seu trabalho na área da investigação de corrupção e abuso dos direitos humanos na Chechénia. O meio de comunicação surgiu logo depois da queda da antiga União Soviética, em 1993. Desde então já morreram seis colaboradores, incluindo a jornalista Anna Politkovskaia.