A série da Netflix "Monstros: A História de Erik e Lyle Menendez", bem como o documentário da mesma plataforma de streaming, reavivou a discussão em torno da sentença dos irmãos norte-americanos. O poder de recomendar ao tribunal uma decisão de reavaliação da sentença de Lyle e Erik está nas mãos de George Gascón, procurador distrital do condado de Los Angeles.

E, de acordo com as declarações prestadas à "People", é possível que os irmãos, condenados a prisão perpétua sem direito a liberdade condicional em 1996 pelo assassinato dos pais, Kitty e José Menendez, possam sair em liberdade. Gascón diz não acreditar que os irmãos são um perigo para a sociedade. "Honestamente, provavelmente não o são há muito tempo, se é que alguma vez foram. Eles não andavam propriamente por aí a matar pessoas na rua ou a assaltá-las", diz o procurador distrital do condado de Los Angeles.

Lyle e Erik Menendez, atualmente com 56 e 53 anos, mataram os pais com tiros de caçadeira na noite de 20 de agosto de 1989. Foram detidos em março de 1990. Em tribunal, os irmãos contaram perante um júri os abusos sexuais, físicos e emocionais de que tinham sido alvo, praticamente até à morte dos pais, em particular por parte do progenitor. O primeiro julgamento foi anulado porque o júri não chegou a um veredicto consensual e, no segundo, Lyle e Erik Menendez foram condenados a prisão perpétua. Estiveram detidos entre 1996 e 2018 em prisões separadas, encontrando-se agora na mesma instituição, a R.J. Donovan Correctional Facility, em San Diego.

A reavaliação da sentença, como avança a "People", será anunciada até ao final desta semana. O procurador irá ouvir os argumentos de ambos os lados, que irão recomendar se a pena deve ser reduzida ou não. A decisão de Gascón é apenas uma recomendação. Terá de ser um juiz a tomar a decisão final. E, como conta o procurador distrital, há elementos da sua equipa que não acreditam que os irmãos foram abusados sexualmente. Embora ele próprio tenha essa convicção. "Há outras pessoas que acreditam que existem alguns indícios de abusos e, além disso, prova de reabilitação. Por isso, temos aqui algumas questões".

Erik tem dedicado o seu tempo na prisão à pintura e Lyle trabalha diretamente com detidos sobreviventes de abusos sexuais. "35 anos é muito tempo passado na prisão. E sobretudo quando olhamos para as circunstâncias em torno deste caso, parece-me que tem de haver lugar para a redenção e para a reabilitação. Mas o facto de eu acreditar ou não que eles devem passar o resto da vida na prisão não é o que vai alterar a minha decisão final. A minha decisão final vai ser avaliar a lei", salientou George Gascón.