Joe Biden, atual presidente dos EUA, desistiu da sua candidatura à reeleição para um segundo mandato na Casa Branca este domingo, 21 de julho. O líder máximo da nação norte-americana de 81 anos, cuja saúde tem sido questionada graças às várias falhas que têm sido perceptíveis nos seus discursos, referiu que desistia da corrida por acreditar ser “do melhor interesse do partido e do país”, focando-se apenas em cumprir os seus deveres como presidente até ao resto do mandato. 

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No seu discurso, também deixado no X (antigo Twitter), Joe Biden acabou por demonstrar total apoio a Kamala Harris, a sua vice-presidente, para que esta se candidatasse ao seu lugar, e a norte-americana já confirmou que o vai fazer. “Sinto-me honrada por ter o apoio do presidente e a minha intenção é conquistar e ganhar esta nomeação. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata — e unir a nossa nação — e para derrotar Donald Trump e a sua agenda extremista do Projeto 2025”, escreveu Kamala Harris no seu Instagram

O novo candidato democrata será então escolhido na convenção dos Democratas, que vai decorrer entre os dias 19 e 22 de agosto em Chicago, de acordo com o “Jornal de Notícias”. Aqui, os cerca de 4700 delegados democratas vão votar no candidato que terá as melhores capacidades de ir contra Donald Trump, candidato republicano, nas presidenciais de novembro, tentando conquistar o lugar máximo da nação que ainda pertence a este partido. Se os norte-americanos assim o quiserem, Kamala Harris poderá vir a ser a primeira mulher a sentar-se na Sala Oval da Casa Branca. 

1. Filha de emigrantes e desde cedo uma ativista

Kamala Harris com a mãe, Shyamala Gopalan, e com a irmã mais nova, Maya
Kamala Harris com a mãe, Shyamala Gopalan, e com a irmã mais nova, Maya Kamala Harris com a mãe, Shyamala Gopalan, e com a irmã mais nova, Maya créditos: Instagram

Kamala Davi Harris tem 59 anos e nasceu em Oakland, estado da Califórnia, mas as suas raízes remetem para a Índia e para a Jamaica. A vice-presidente dos EUA é filha de pai jamaicano, Donald Harris, que foi professor na Universidade de Stanford, segundo o "JN", e de mãe indiana, Shyamala Gopalan, uma bióloga que era investigadora na área do cancro. O avô materno também era um diplomata indiano, o que fez com que Kamala Harris despertasse um interesse pelos direitos civis desde muito cedo.

Os pais da vice-presidente criaram uma ligação forte graças ao amor que tinham pelo ativismo, sendo que era frequente levarem as filhas a marchas e manifestações. Neste sentido, Kamala Harris foi aos seus primeiros comícios quando ainda andava de carrinho, nos anos de 1960, assim como a sua irmã, Maya, que nasceu dois anos depois. Segundo a "Activa", numa entrevista feira em 2023, a vice-presidente explicou que estas iniciativas a inspiraram a dedicar-se ao serviço público.

O nome Kamala significa "lótus" em sânscrito, de acordo com o "Observador", o idioma das escrituras clássicas das religiões surgidas no Nepal e na Índia. Este também pode ser considerado o nome para a divindade hindu Lakshmi, e a decisão dos pais da vice-presidente de lhe dar este nome serviu para preservar a sua identidade cultural. Devi, em sânscrito, significa "deusa".

2. Frequentou a primeira irmandade negra para mulheres e ainda hoje a homenageia

Em 1986, Kamala Harris licenciou-se em Ciência Política e Economia na Universidade de Howard, em Washington, mas ainda antes de completar os estudos nesta instituição entrou para a fraternidade universitária Alpha Kappa Alpha. Esta foi a primeira irmandade fundada no país para mulheres norte-americanas negras, em 1908, que ainda hoje trabalha com as comunidades através de serviços e programas inovadores de educação, família, saúde e negócios.

Na atualidade, Kamala Harris ainda homenageia a Alpha Kappa Alpha, através da utilização dos seus famosos colares de pérolas. Isto porque a peça poderá estar ligada à fraternidade, visto que as suas fundadoras são várias vezes referidas como as “Twenty Perls”, de acordo com o "Observador".

Um dos exemplos da sua utilização foi em agosto de 2020, quando Kamala Harris fez o discurso de aceitação da nomeação do Partido Democrata para ser candidata à vice-presidência dos EUA, com um colar de pérolas Akoya e South Sea, algo que tem um valor simbólico para esta irmandade. Mais tarde, formou-se em Direito na Faculdade de Direito Hasting.

3. Foi a "primeira mulher" em várias ocasiões

Kamala Harris começou a sua carreira em Direito em 1990, onde se dedicou a casos de abusos a menores e ganhou a reputação de não deixar passar qualquer caso de violência de gangues, tráfico de drogas e abusos sexuais. A sua carreira foi toda construída com base na justiça e nos direitos civis e sociais, segundo o "JN", e, com a sua personalidade aguerrida, conseguiu subir vários patamares e conquistar inúmeros palcos.

Em 2003, foi eleita procuradora distrital de São Francisco e, sete anos depois, procuradora-geral da Califórnia. Este feito fez com que Kamala Harris se tornasse a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar este cargo, que é o mais alto no que toca a aplicar a Lei neste estado dos EUA. Além disso, a vice-presidente foi também a primeira mulher de ascendência sul asiática eleita para o Senado do país norte-americano, onde se manteve de 2017 a 2021.

Ainda no Senado, em 2019, Kamala Harris foi a primeira candidata presidencial democrata a apoiar publicamente o Green New Deal, um projeto que apresentava um plano para os EUA ajudarem a combater as alterações climáticas, sugerindo várias ideias de como isso poderia acontecer. No ano seguinte, foi eleita vice-presidente do país pelo presidente Joe Biden, uma decisão histórica que também fez de Kamala Harris a "primeira mulher", sendo que se tornou na primeira mulher, na primeira mulher afro-americana e na primeira mulher sul-asiática a chegar a essa função.

4. É casada, madrasta e há quem a chame de "Momala"

Kamala Harris e Doug Emhoff com os filhos Cole e Ella
Kamala Harris e Doug Emhoff com os filhos Cole e Ella Kamala Harris e Doug Emhoff com os filhos Cole e Ella créditos: Instagram

Kamala Harris é casada há dez anos com o advogado Doug Emhoff, cuja cerimónia aconteceu em agosto de 2014, um ano depois de se conhecerem pela primeira vez num encontro às cegas. No entanto, se para muitas mulheres o ideal é casar e ter filhos, esse não era o sonho da vice-presidente norte-americana. Em vez disso, tornou-se madrasta dos dois filhos de Doug, que diz abertamente que o seu coração "não estaria completo" sem eles.

Ainda assim, "madrasta" não era o termo ideal para esta família, que nunca gostou da palavra e, com isto, Kamala, Cole e Ella, os dois filhos do marido da vice-presidente, decidiram criar o termo "Momala", que junta a palavra "mom" (mãe, em inglês), e Kamala. A vice-presidente, no entanto, diz que sempre preferiu este papel, e que este é o título "que sempre será mais significante na sua vida", cita o "Observador".

Num texto publicado na revista "Elle", Kamala falou dos filhos, agora também dela, e explicou como conquistaram o seu coração. “São miúdos brilhantes, talentosos e divertidos que se tornaram adultos extraordinários. Eu já estava viciada no Doug, mas acho que foram o Cole e a Ella que me conquistaram". A decisão de Kamala Harris de não ter filhos biológicos é um dos motivos que faz com que muitas mulheres norte-americanas se identifiquem com a vice-presidente, que nunca explicou concretamente o porquê desta decisão.

5. Adora cozinhar e colecionar ténis

Estes hobbies de Kamala Harris já são conhecidos há vários anos, mas ainda hoje perduram. Quando quer aliviar a cabeça, a vice-presidente destaca-se na cozinha de sua casa, e já confessou ter herdado isso da sua mãe.

“Quando era criança, lembro-me de ouvir as panelas e sentir o cheiro da comida e, como se estivesse em transe, entrava na cozinha e via todas aquelas coisas incríveis a acontecer”, contou Kamala Harris, numa entrevista à revista "Glamour". "A minha mãe costumava dizer-me 'Kamala, é óbvio que gostas de comer boa comida. É melhor aprenderes a cozinhar'”, acrescentou.

Além disso, a vice-presidente é também conhecida pela sua obsessão por ténis, especificamente os Chuck Taylor, da marca Converse, e por ter uma grande coleção destes sapatos. “Tenho uma coleção inteira de Chuck Taylors: um par de couro preto, um par branco, tenho os que não têm cordões, os que têm cordões, os que uso no tempo quente, os que uso no tempo frio e os de plataforma para quando estou a usar um fato de calças”, disse ao "The Cut".