Uma mãe que manteve a sua filha numa gaveta durante três anos para a esconder do atual namorado e dos outros filhos foi detida e condenada a sete anos e meio de prisão. A menina foi encontrada pelo companheiro quando este voltou a casa numa manhã para ir à casa de banho e a mulher já tinha saído, ouvindo-a chorar.
A menina esteve escondida desde o início de 2020 até 2023, tendo sido alimentada com Weetabix com leite por uma seringa. Contudo, estava tão gravemente desnutrida e desidratada que aparentava ter apenas 7 meses e não conseguia falar, gatinhar ou andar, segundo o "The Guardian". Além de ter pouca massa muscular, os membros estavam flácidos e os pés estavam inchados e numa posição anormal.
A menina chegou a ser deixada sem comida durante longos períodos de tempo e não respondia ao próprio nome. Foi encontrada com deformidades, fenda palatina e outros problemas de saúde para os quais a mãe não procurou ajuda médica.
Quando o atual namorado começou a frequentar mais a casa durante a noite, a criança – fruto de um relacionamento anterior – foi transferida para outro quarto e deixada lá sozinha. Quando este precisou de lá voltar para ir à casa de banho e a mulher já tinha saído, ouviu um barulho no outro quarto, entrou e viu-a. Mesmo assim saiu de casa, mas alertou os familiares e, mais tarde naquele dia, os serviços sociais compareceram e encontraram-na. O homem, normalmente, não tinha permissão para ir àquela zona da casa sozinho, segundo a "People".
Num depoimento, a assistente social disse que, quando perguntou à mulher se mantinha a menina na gaveta, esta “respondeu com naturalidade” que sim. “Fiquei chocada que a mãe não demonstrou nenhuma emoção e pareceu indiferente sobre a situação”, disse, citada pelo "Daily Mail".
“Privou aquela menina de qualquer amor, qualquer afeição adequada, qualquer atenção adequada, qualquer interação com os outros, uma dieta adequada, atenção médica muito necessária. Tentou controlar esta situação o mais cuidadosamente possível, mas por puro acaso o seu terrível segredo foi descoberto. As consequências para a criança foram nada menos que catastróficas – física, psicológica e socialmente”, disse o juiz Steven Everett no tribunal de Chester, em Inglaterra, acrescentando que agora a criança “talvez esteja lentamente a voltar à vida”, sendo “que era quase uma morta viva naquele quarto”.
O atual cuidador da criança disse ao tribunal que a menina "não sabia o que era comida" e que “não conhecia a luz do dia nem o ar fresco", tendo acompanhado a primeira vez que esta foi brincar para um baloiço, que deu "o seu primeiro passo" e que disse a "sua primeira palavra".
A mulher explicou à polícia que não sabia que estava grávida e que estava “muito assustada” quando deu à luz a menina, que nasceu na banheira de casa em março de 2020 e que nunca foi registada. Disse ainda que a criança não ficava sempre na gaveta e que esta nunca era fechada. Contudo, garantiu que ela “não fazia parte da família”. A mãe disse aos assistentes sociais que a escondeu dado que o antigo relacionamento com o pai da criança era abusivo e não queria que ele descobrisse.
A mulher declarou-se culpada em outubro de quatro acusações de crueldade infantil por não procurar cuidados médicos básicos para a criança, abandono, desnutrição e negligência geral. Os outros filhos, que estavam bem cuidados, também já não vivem com a mãe.