Jennifer Crumbley, mãe de Ethan, um atirador de uma escola dos Estados Unidos, pode enfrentar 60 anos de prisão depois de ter sido condenada por homicídio involuntário pelo seu papel no crime do filho, algo inédito nos EUA, sendo esta a primeira vez que o progenitor de um responsável por um tiroteio é levado a julgamento nos Estados Unidos. Os procuradores argumentaram que Crumbley, de acordo com o jornal “DailyMail”, foi negligente como mãe e parcialmente culpada pela morte de quatro pessoas no atentado feito por Ethan, na altura com 15 anos, na Oxford High School, EUA, em novembro de 2021.

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O caso deu-se no tribunal de Michigan, perante um processo judicial que pretende alterar a forma como são julgados os casos de tiroteios nas escolas. Os advogados presentes no lado da acusação apresentaram a “teoria da responsabilidade parental alargada”, que o júri aceitou após 11 horas de deliberações. Aqui, os advogados afirmaram que Jennifer Crumbley estava mais interessada num “caso extraconjugal, nos seus cavalos e em sair à noite pela cidade”, do que estar com Ethan, um rapaz “mentalmente perturado”. 

O júri ouviu ainda que foi a mãe, de 45 anos, e o seu marido, James Crumbley, de 47, que compraram a arma que Ethan utilizou no tiroteio quatro dias antes do ataque, não a tendo guardado corretamente quando a adquiriram. Além disso, Jennifer chegou mesmo a ir a uma carreira de tiro com o filho para praticar o uso da arma, alguns dias antes do crime. Os dois foram acusados pela polícia poucos dias depois do tiroteio, tendo estado durante mais de dois anos numa cadeia do condado, segundo a BBC, sem terem a hipótese de pagar a fiança.

Durante o julgamento, a advogada de defesa Shannon Smith disse que o caso era "perigoso" para os pais, e pediu ao júri que considerasse Crumbley inocente “para [reconhecer] todos os pais que estão a fazer o melhor que podem, e que poderiam facilmente estar no seu lugar". No entanto, os Crumbley foram acusados de ignorar os sinais de alerta sobre o seu filho, que ficaram claros nas últimas páginas do diário encontrado no seu quarto, escritas antes do tiroteio. 

Ethan escreveu que os seus pais não o queriam ouvir sobre obter “ajuda ou [um] terapeuta", e que não tinha “qualquer ajuda” para os seus problemas mentais, o que o estava a levar a querer “disparar contra a escola”. Jennifer Crumbley disse em tribunal que não tinha ideia de que o seu filho “sofria de alguma doença mental”.

O jovem, agora com 17 anos, declarou-se culpado de homicídio e terrorismo e está a cumprir uma pena de prisão perpétua. A mãe deverá ser condenada no dia 9 de abril, e caberá à comissão de liberdade condicional do Michigan determinar quanto tempo ela ficará na prisão. A pena máxima por cada homicídio involuntário é de 15 anos, pelo que pode chegar aos 60 anos de prisão devido às quatro mortes no ataque, segundo o “Daily Mail”. Já o pai, James Crumbley deverá ser julgado em março sob as mesmas acusações de homicídio involuntário, que ele negou.

O tiroteio ocorreu no dia 30 de novembro de 2021, depois de os funcionários da escola ficarem preocupados com alguns desenhos violentos com uma arma, balas e um homem ferido no caderno de matemática de Ethan. Os pais do jovem foram chamados à escola para uma reunião urgente sobre o sucedido, mas não levaram o rapaz para casa. Poucas horas depois, de acordo com o mesmo meio de comunicação. Ethan tirou a arma que os pais tinham comprado dias antes da mochila e disparou sobre 10 alunos e um professor, onde quatro morreram e sete ficaram feridos.