A rainha de Inglaterra, Isabel II, morreu esta quinta-feira, 8 de setembro, aos 96 anos, deixando o trono vazio. O que significa esta morte? Quem vai assumir as rédeas da Commonwealth? O seu filho primogénito, Carlos, príncipe de Gales, ou o seu neto, William, duque de Cambridge?
"Rei morto, rei posto, ou seja, Isabel II morre, Carlos passa automaticamente a ser o 41.º rei do Reino Unido e William passa a ser o príncipe herdeiro", garantiu-nos Alberto Miranda, jornalista e especialista em temas relacionados com a realeza.
A partir do momento em que Isabel II morre, "Carlos torna-se o novo chefe de estado do Reino Unido e da Commonwealth, o novo monarca e o novo chefe da Igreja Anglicana", cargos anteriormente assumidos pela sua mãe. "Será rei pela graça de Deus", reforça Alberto Miranda.
A ascensão de Carlos ao trono fará de Camilla Parker-Bowles rainha?
Carlos será rei, mas quem será a rainha? Carlos é casado, desde 2005, com Camilla Parker-Bowles, atual duquesa da Cornualha. Os dois conheceram-se em 1971 e envolveram-se romanticamente pouco depois. "Em 2005, quando Carlos casou com Camilla, foi dito que Camilla não iria ser princesa de Gales", recorda Alberto Miranda.
Isto "por uma questão de respeito à memória da princesa Diana". Ficou então estabelecido que, "quando Carlos fosse rei, ela iria ser princesa consorte" (portanto, cônjuge do monarca). Porém, o Jubileu de Platina, que aconteceu em junho deste ano, trouxe mudanças.
De acordo com "o comunicado que a rainha fez no dia em que comemorou 70 anos de chegada ao trono", Camila passaria a ser rainha consorte em vez de princesa consorte, aponta o jornalista e autor do livro "As Dez Monarquias da Europa". "Isto é uma novidade", comenta o especialista em monarquia.
"Isabel II quis mostrar ao mundo, numa data simbólica, que é sua vontade que Camila seja rainha consorte. Contradiz-se, assim, aquilo que foi dito em 2005", conclui. No entanto, no que toca à sucessão do trono, mesmo que Carlos seja "rei imediatamente", o mesmo "não significa que vá logo ser coroado".
Alberto Miranda faz um paralelismo com a ascensão oficial de Isabel II ao trono, que "demorou um ano a ser coroada rainha por questão de luto" para com o pai e anterior rei, Jorge VI. O mesmo se deveu ao facto de a cerimónia de coroação ser "de jubilo e de alegria", pelo que é expectável que a coroação de Carlos venha a tardar.
Há possibilidade de Carlos abdicar do título a favor de William?
Sim, há. Mesmo que a sucessão seja direta e que, portanto, Carlos seja sempre rei, é sempre possível que o príncipe de Gales escolha passar o título ao seu filho primogénito, William, duque de Cambridge. Contudo, para Alberto Miranda, este é um cenário bastante improvável.
"Carlos esperou toda a sua vida, desde os 26 anos da mãe, para ser rei. Ele é príncipe herdeiro há uma vida. Ele vai ser rei", crê o especialista em temas relacionados com a realeza. Assim que Carlos se tornar rei, William passa a ocupar o primeiro lugar na sucessão ao trono.
Quanto às cerimónias fúnebres da rainha Isabel II, vai tratar-se de um "enterro de Estado". "Nunca são imediatos, no dia a seguir, como o comum dos mortais", explica-nos Alberto Miranda. "Há sempre um espaço, regra geral de cinco ou seis dias", acrescenta, sobre este enterro que "contará com a presença de chefes de estado estrangeiros" e "dos seus primos da realeza".