Na entrevista que concedeu à CNN e à Reuters, na terça-feira, 1 de março, Volodymyr Zelenski revelava que não via a família "há três dias". Ou seja, Olena, Oleksandra e Kyrylo estavam por perto. No meio da guerra.

E enquanto o marido está a gerir a resistência à invasão da Rússia, a primeira dama-ucraniana faz também o seu papel. Nas redes sociais, Olena Zelenska apela aos seus homólogos (maridos e mulheres de presidentes e primeiros-ministros) que não se calem. Que falem publicamente sobre o drama que a Ucrânia está a viver.

Depois de ter publicado dois vídeos, com mensagens de apoio das primeiras-damas da Lituânia e da Letónia, Olena faz vários apelos aos cônjuges dos líderes mundiais, com um ponto em comum. "Não se calem!". "Apesar da garantia da propaganda russa, há dezenas de vítimas civis na Ucrânia. O agressor tenta camuflar as baixas do exército russo, mas estas já chegaram aos milhares", afiança ainda a mulher de Volodymyr Zelenski. "Não se calem. Digam-lhes que Putin está a ameaçar desencadear uma guerra nuclear e, se o fizer, não haverá mais nenhum lugar seguro no mundo", alerta ainda a primeira-dama da Ucrânia.

A mulher do primeiro-ministro ucraniano está a fazer o seu próprio esforço de guerra, coordenando uma plataforma de apoio humanitário. Este papel pró-ativo de Olena Zelenska não surge apenas por causa do conflito bélico que assola a Ucrânia. Em agosto de 2021, a primeira-dama foi a criadora de uma plataforma internacional para promover o diálogo sobre causas humanitárias entre os vários cônjuges de líderes mundiais, a Kyiv Summit of First Ladies and Gentlemen.

"Nunca calmo, mas sempre interessante". Uma união de amor e trabalho com mais de duas décadas

Ambos com 44 anos (os respetivos aniversários distam apenas 11 dias), Olena e Volodymyr tornaram-se, em 2019, o mais jovem casal presidencial da Ucrânia.

Conheceram-se na faculdade e, de acordo com UNIAN (Agências de Notícias Independente Ucraniana), Volodymyr teve de se empenhar para conquistar Olena. Isto porque, na altura, a então estudante de arquitetura tinha namorado. Em 2003 casaram-se. Dois anos depois, nasceu a primeira filha do casal, Oleksandra e, em 2013, o segundo filho, Kyrylo. Formada em arquitetura, Olena nunca exerceu a profissão, tendo estado sempre a trabalhar ao lado do marido. Primeiro no Kvartal 95 Studio, produtora de televisão fundada por Zelensky. Começou por ajudar na parte administrativa e, depois, tornou-se guionista do coletivo de humor liderado pelo marido. Depois, em 2019, como mulher do candidato à presidência pelo Servo do Povo (o nome da série que Zelensky protagonizou e que usaria, mais tarde, para nomear o seu próprio partido).

Quando Zelensky decidiu entrar para a política, candidatando-se à presidência, Olena opôs-se. "Honestamente, fui ferozmente contra o início deste projeto. Nem sequer é um projeto, é uma mudança de vida", disse, na altura, antes das eleições. Em entrevista à "Vogue" ucraniana, em novembro de 2019, a primeira-dama revelava que soube do anúncio da candidatura do marido através das redes sociais. "Quando lhe perguntei 'porque é que não me disseste?'. Ele respondeu: 'Esqueci-me'. O meu marido sabe como fazer surpresas. Mas, a sério, falámos sobre isso durante muito tempo, e disse-lhe que iria estar sempre ao lado dele". Discreta, a mulher de Volodymyr Zelenski assumia-se, mesmo depois da eleição do marido, em maio de 2019, como alguém que gosta de estar "nos bastidores".

Apesar da discrição de se querer manter longe dos holofotes, Olena transformou o papel das primeiras-damas na Ucrânia. Um pouco à semelhança do que fez Michelle Obama na Casa Branca, não se limitou a ser uma figura decorativa, tornando-se o rosto de várias iniciativas e causas. Desde a luta contra a violência doméstica até à campanha pela implementação de menus escolares mais saudáveis, objetivo esse que deveria começar a ser implementado nas escolas do país a partir de janeiro de 2022.

"Ele não é uma pessoa fácil ao nível emocional e precisa de alguém que esteja ao lado dele", Olena Zelenska

Ao lado de um grande homem está sempre uma grande mulher. E, sobretudo, uma mulher que o compreende. E, na entrevista concedida à "Vogue" ucraniana, Olena explica porque é que, mesmo sendo contra esta mudança de carreira, nunca ponderou não estar ao lado do marido. "Eu podia ter continuado a minha vida normal, protegendo-me dos problemas e dos ataques pessoais, mas quis apoiar o meu marido. Ele não é uma pessoa fácil ao nível emocional e precisa de alguém que esteja ao lado dele. Mesmo fisicamente: por exemplo, para estar de mão dada durante visitas oficiais, a posar para fotógrafos de todo o mundo, e não estragar o enquadramento (risos)".

É também esse lado mais pessoal, do humorista tornado político, e de uma paixão que não esmorece, mesmo passadas duas décadas, que se pode ler nas entrelinhas de uma mensagem de aniversário de Olena para Volodymyr, em janeiro de 2020, quando o presidente ucraniano celebrou 42 anos. "Nunca calmo, mas sempre interessante. Isto é como nos sentimos quando um verdadeiro homem está por perto. Aquele com quem podemos sempre contar. Aquele que realmente ouve e que, quando falamos, percebe o que queremos realmente dizer. Aquele em cujos braços os desafios do exterior se tornam pequenos e inofensivos".

A 20 de maio de 2019, Olena e Volodymyr tornavam-se o mais novo casal presidencial da Ucrânia. No seu primeiro post enquanto primeira dama, Olena escrevia: "Vamos começar". Para a ocasião, usou um fato branco com uma figura em relevo. Um rouxinol, ave que é um dos símbolos oficiais da Ucrânia, e cujo canto é o prenúncio da primavera.

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