Fezco mudou. Não só mudou de nome como mudou de vida. A sua história tornou-se viral nas redes social pelos piores motivos, mas teve um final feliz, como muitas não têm.
Falamos de um cão preto e dócil, com cerca de 23 quilos, que foi abandonado num canil em Stanly County, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, única e exclusivamente, pela sua alegada orientação sexual.
Os donos deste animal decidiram entregar o cão ao abrigo municipal Stanly County Animal Protective Services depois de o terem encontrado a tentar acasalar com outro macho. À data, alegaram que Fezco seria gay e decidiram não continuar a assumir a guarda do animal.
De acordo com o canal local WCCB, citado pelo jornal "Público", este abrigo municipal estima que o animal (que já não se chama Fezco) tenha menos de cinco anos. O caso tornou-se viral nas redes sociais, principalmente no Facebook, e John Winn e Steve Nichols não ficaram indiferentes.
Depois de admitirem ao canal que foram alvo de discriminação durante anos devido à sua orientação sexual, revelaram que sentiram uma conexão imediata com o animal — ao ponto de decidirem adotá-lo. Para este casal, só assim faria sentido. E explicam porquê.
"Pensámos que apenas faria sentido o cão gay ser adoptado por uma amorosa família gay", explicam, em declarações à mesma publicação. À data de publicação deste artigo, John e Steve não só já são os novos donos legais deste animal como também já o registaram com outro nome.
Agora, o protagonista desta história chama-se Oscar, em honra do poeta irlandês Oscar Wilde, também homossexual.
Faz sentido afirmar que um animal é gay?
Até à data, a orientação sexual dos animais continua a ser analisada pela comunidade científica. No entanto, já há registo de espécies onde foram identificados casais do mesmo sexo.
Como é o caso de Elmer e Lima, os pinguins-de-humboldt que formaram o primeiro casal do mesmo sexo de que há registo dentro desta espécie. Trata-se de um casal pinguins machos que adoptou um ovo durante a época de reprodução e que, segundo o zoo onde se encontram, fez um "excelente trabalho".
Recorde-se de que, à data, o diretor do zoo explicou que a equipa deu o ovo aos pinguins machos Elmer e Lima numa tentativa de aumentar as hipóteses de o ovo eventualmente eclodir, avança o jornal "The Washington Post". Isto porque, palavras suas, "as famílias não tradicionais fazem um trabalho maravilhoso de criação e educação".
No que toca a cães em particular, a comunidade científica continua a estudar a relação entre animais do mesmo sexo. No entanto, citada pelo jornal "Público", a ASPCA - American Society for the Prevention of Cruelty to Animals explica que este tipo comportamentos podem acontecer nos cães, sem qualquer relação direta com a sua alegada orientação sexual.
Há uma série de razões que levam os animais a tentar acasalar com outros do mesmo sexo: brincadeira, aliviar o stress ou até para mostrar domínio. É isto que nos dizem os estudos. No entanto, Oscar já não é o primeiro cão a ser abadonado devido à sua alegada orientação sexual.
Elton também foi reconhecido como gay e por pouco não foi abatido
O caso de Elton remonta a 2013 e foi noticiado pela ABC News. À semelhança do que aconteceu a Oscar, também este cão, de raça pitbull, foi entregue a um abrigo nos Estados Unidos, depois de ter sido encontrado a tentar acasalar com outro macho. O dono admitiu recusar-se a ter um "cão gay" em casa e decidiu entregá-lo ao Rabies Control Animal Shelter, no Tennessee.
"Este cão foi abadonado não por ser mau ou por destruir coisas...mas pelo seu dono dizer que é gay", lê-se na publicação do abrigo no Facebook, à data do abandono. "Não deixem este lindo cão morrer só porque o seu dono é ignorante no que toca a comportamento animal. Está no canil e será abatido amanhã, porque não já há espaço no abrigo".
A publicação tornou-se viral nas redes sociais e, depois de o abrigo ter recebido centenas de chamadas de possíveis donos, acabou por ser entregue a Stephanie Fryns.
Pouco tempos depois da adoção, a jovem confirmou, em declarações à revista "Time", que Elton era dócil, mas garantiu que o animal "tinha medo de tudo".