É uma batalha legal levada até às últimas instâncias aquela que os pais de Archie Battersbee estão a travar. Esta quarta-feira, 3 de agosto, dia marcado para os médicos desligarem o suporte de vida que mantinha o menino de 12 anos a respirar, os pais de Archie submeteram um pedido ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. O objetivo? Tentar adiar (ou mesmo reverter) a decisão do Supremo Tribunal britânico.
Esta terça-feira, 2, a mais alta instância judicial do Reino Unido recusou o recurso dos pais do menino de 12 anos, a última tentativa de reverterem a decisão em território britânico. Na decisão, poder ler-se que "não existe qualquer perspetiva de uma recuperação significativa". "Mesmo que os cuidados paliativos fossem mantidos, Archie morreria nas próximas semanas devido à falência de órgãos e, depois, à falência cardíaca".
No entanto, os pais de Archie ganharam apenas 24 horas ao entregar, esta quarta-feira de manhã, o pedido à instância judicial europeia. De acordo com "Daily Mail", os advogados que representam a família de Archie acreditam que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tomará uma decisão no espaço de um dia. De qualquer forma, o Royal London Hospital (unidade que pertence ao Barts Health NHS Trust, agrupamento hospitalar de Londres) terá sempre de esperar pela decisão antes de avançar.
Os pais de Archie, que esta madrugada estiveram a fazer uma vigília à porta do hospital, disseram que já receberam propostas vindas do Japão, Itália e Turquia, com ofertas de cuidados para o filho e tratamentos que poderiam ajudar numa hipotética recuperação. "Eu prometi ao Archie, e o pai dele também, que íamos lutar até ao fim, e é exatamente isso que vamos fazer", disse a mãe do menino, acrescentando ainda que esta é uma "batalha contra todo o sistema". Os pais da criança viram também negado o pedido para transferirem o filho para uma unidade de cuidados paliativos. "Não há nada de digno na na forma como estamos a ser tratados como família. Não percebemos qual é a pressa e porque é que as nossas vontades estão a ser negadas", disse a mãe da criança durante a vigília, citada pelo "Daily Mail".
A luta de Hollie Dance e Paul Battersbee começou em maio, quando os médicos do hospital onde a criança se encontra internada decidiram que os danos cerebrais provocados pelas lesões eram irreversíveis e que as hipóteses de recuperação da criança eram praticamente nulas. Archie foi encontrado inconsciente em casa a 7 de abril, depois de, alegadamente, ter feito um desafio do TikTok chamado "blackout challenge". Este desafio, que é anterior à existência de redes sociais, consiste em suster a respiração até desmaiar. De acordo com um relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (entidade norte-americana equivalente à Direção Geral da Saúde), este desafio provocou 82 mortes entre 1995 e 2007, sendo a maioria das vítimas rapazes com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos.