James Cameron, o realizador do filme "Titanic", teceu críticas ferozes ao incidente do Titan, o submersível que desapareceu esta segunda-feira, 19 de junho, no Oceano Atlântico e cujos destroços foram encontrados esta quinta-feira, 22, na sequência de uma implosão catastrófica. O realizador afirmou que soube da tragédia dias antes do público – e até traçou um paralelismo com o Titanic.
Desde o primeiro dia da expedição, iniciada na segunda-feira, que o realizador sabia que o desfecho da história tinha sido trágico, com a implosão do veículo e a morte dos cinco tripulantes. "Tivemos confirmação a cerca de uma hora [depois do início da expedição] de que uma explosão barulhenta tinha ocorrido na mesma altura que se perdeu o contacto [com o submersível]”, contou o cineasta, de acordo com o "The Independent".
"Uma grande explosão no hidrofone. A perda do transponder. A perda de comunicações. Sabia o que tinha acontecido. O submersível tinha implodido”, continuou James Cameron, acrescentando que, aquando do sucedido, enviou um e-mail aos colegas. "Perdemos alguns amigos" e "[o submersível] está no fundo [do mar], aos bocados" foram algumas das frases que seguiram na correspondência enviada, citada pela publicação britânica.
Além disso, James Cameron, que terá visitado 33 vezes os destroços do Titanic e quase morreu no processo, depois de ficar horas a fio preso ao navio nas profundezas do mar, de acordo com a "R7", frisou que sempre achou esta missão errada. O realizador, que acredita que o casco de fibra de carbono e de titânio permitiu a entrada de água e culminou na implosão, culpa-se por não ter emitido mais avisos. "Quem me dera ter falado, mas achei que alguém fosse mais esperto do que eu", continuou.
O realizador teceu ainda um paralelismo com a tragédia do Titanic, lembrando que, em ambos os casos, houve vários avisos de que algo não estava bem. No caso do navio, que afundou em abril de 1912 e onde morreram cerca de 1.500 pessoas, o capitão foi avisado para proceder com a viagem, que iria culminar em Nova Iorque, Estados Unidos, numa noite sem visibilidade, depois de o terem alertado para a existência de icebergues."Aqui estamos outra vez. No mesmo lugar. Agora há um destroço ao lado de outro pela mesma razão", concluiu o cineasta.
A confirmação da implosão chegou esta quinta-feira, 22 de junho, na sequência de uma conferência da Guarda Costeira norte-americana. Consequentemente, foram também confirmadas as mortes dos tripulantes do submersível, agora conhecidos por Titan Five (os Cinco do Titan): o bilionário britânico Hamish Harding, Stockton Rush, o diretor executivo da OceanGate, empresa que leva a cabo estas expedições aos destroços do Titanic, o veterano da marinha francesa PH Nargeolet e o empresário paquistanês Shahzada Dawood, que viajava com o filho de 19 anos, Suleman Dawood.