Novas informações sobre os acontecimentos que levaram à “implosão catastrófica” do submarino Titan, que tinha a bordo cinco pessoas para verem os destroços do Titanic, foram reveladas por especialistas. “Queda livre” e tentativa de regresso à superfície foram algumas das conclusões a que chegaram.

De acordo com o engenheiro espanhol José Luis Martín, o submersível entrou em “queda livre” depois de ter começado a sentir alguma desestabilização. Menos de um minuto depois, a embarcação terá implodido nas águas do oceano Atlântico, aponta o jornal “La Vanguardia”, citando o especialista.

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Jose Luis Martín acredita que o submarino quando iniciou a queda livre, terá feito uma descida verticalmente, “como se fosse uma pedra e sem qualquer controlo”, durante cerca de 900 metros. Para o engenheiro, nos momentos que antecederam à implosão todos os passageiros estavam caídos e “amontoados uns em cima dos outros”.

Também Rob MacCallum, ex-conselheiro da OceanGate, empresa que organizou a expedição ao Titanic, referiu que os tripulantes estavam cientes da existência de um problema no submersível, tendo até tentado voltar à superfície, soltando alguns pesos que mantinham a embarcação no fundo do mar.

“O relatório que recebi imediatamente após estes acontecimentos – muito antes do tempo de oxigénio ter acabado – foi que o submarino estava a aproximar-se de 3 500 metros. Ele começou a perder peso, começou a afundar e a partir daí perdeu as comunicações e a localização e depois uma implosão foi ouvida”, descreveu Rob MacCallum, citado pela CNN Brasil.

Incidentes do Titan em viagens anteriores

Esta não foi a primeira vez que o submarino Titan realizou viagens aos destroços do Titanic, nem foi também a primeira vez que demonstrou problemas no decorrer da expedição. Numa viagem realizada em 2022, o submersível também perdeu o controlo e começou a girar em círculos, deixando todos os passageiros em pânico, segundo revela um documentário da BBC, citado pelo jornal “The Mirror”.

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Em imagens captadas pelos tripulantes da embarcação, que foram depois utilizadas no documentário lançado em 2022, pode ver-se o submarino a rodar fora do controlo e o piloto a comentar que existia um problema. “Há algo de errado com um dos meus propulsores. Estou a fazer força e nada está a acontecer”, referiu Scott Griffith.

Segundo aponta o jornal britânico, um dos propulsores terá sido montado de forma incorreta, o que estaria a impulsionar o submarino numa direção enquanto um outro propulsor estava a levar a embarcação na direção oposta. O Titan acabou assim por entrar em modo giratório, deixando os passageiros aterrorizados, esperando várias horas que Stockton Rush, fundador da empresa, resolve-se o problema a partir do navio-mãe.

Também em 2019, Karl Stanley, um especialista em submarinos, foi convidado a participar numa expedição organizada pela OceanGate. Contudo, durante a viagem Karl apercebeu-se que algo não estava certo, depois de ouvir durante horas sons de que algo estava a estalar, tendo intensificado à medida que o submersível descia em profundidade.

“[Os estalos] soaram como uma falha ou defeito numa área afetada pelas tremendas pressões, sendo esmagada ou danificada”, referiu Stanley num email enviado para Stockton Rush, citado pela CNN Brasil. Para este especialista, os sons ouvidos indicavam “que uma área do submarino estava a partir-se”.