Yaqub Ahmed foi deportado da Grã-Bretanha para a Somália, depois de mais de cinco anos, 24 audiências, 20 juízes e 85 mil libras (cerca de 97 mil euros) de apoio jurídico. O violador teve direito a uma estadia de 14 semanas num dos hotéis mais luxuosos do país, guardas armados e terapia personalizada, depois de ter alegado problemas de saúde mental.

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O homem de 34 anos, que violou uma mulher com apenas 16 anos, foi expulso em agosto, depois de ter custado aos contribuintes cerca de um milhão de libras (1,14 milhões de euros) em custos legais, de prisão e de deportação, além dos luxos a que teve direito na Somália.

A vítima de Yaqub afirmou que era “absolutamente chocante” e que o sistema jurídico é uma “anedota”. Suella Braverman, ex-secretária de Estado para os Assuntos Internos, revelou que o caso é um exemplo de como os criminosos exploram as leis dos direitos humanos para fazer pedidos legais “falsos, repetitivos e, em última análise, obstrutivos” para impedir a deportação.

Ahmed custou aos contribuintes quase 85 mil libras em assistência jurídica e o voo para o deportar custou cerca de 200 mil libras (228 mil euros). Yaqub fabricou uma alegação de que seria alvo de terroristas do Estado Islâmico se regressasse à Somália, organizando a publicação online de um vídeo falso de ameaça de morte e explorou as leis da escravatura moderna, alegando falsamente ter estado sob o controlo de um grupo de traficantes de droga do Reino Unido, revela o "Daily Mail".

Yaqub obteve o estatuto de refugiado em 2003, depois de ter chegado à Grã-Bretanha vindo da Somália com 14 anos, mas foi preso em 2008 depois de ele e três outros homens terem atraído a vítima adolescente para um apartamento em Londres, antes de a atacarem brutalmente. Um juiz censurou-o por não ter “qualquer respeito por outros seres humanos”.

Em abril de 2015, Theresa May, na altura secretária de Estado para os Assuntos Internos, retirou-lhe o estatuto de refugiado e impôs-lhe uma ordem de deportação. No entanto, este foi o primeiro passo de uma longa batalha legal. Em 2018, a sua deportação não correu como esperado, após turistas exigirem que o homem fosse retirado do avião.

Já a 2 novembro de 2020, dois dias antes da planeada deportação, o violador alegou que corria o risco de ser morto se regressasse à Somália, teoria confirmada por Mary Harper, editora da BBC África, que se apresentou como testemunha especializada. Mais tarde, soube-se que as provas eram falsas.

Além disso, apareceu na Internet um vídeo que mostrava homens armados do Estado Islâmico a ameaçar matar Yaqub mas, num julgamento, três juízes decidiram que o vídeo era uma "invenção" e que tinha sido gravado por ordem de Ahmed.

A vítima criticou o sistema judicial. “Ele negou os seus direitos humanos depois de ter feito o que fez. Não foi uma atitude humana. Porque é que os direitos humanos dele são prioritários em relação aos meus e aos de pessoas como eu?”, questionou. "O facto de terem tido de lhe dar este pacote ultrajante para o poderem deportar é ridículo. Estou grata por terem feito tudo o que fizeram, porque finalmente nos livrámos dele, mas não deviam ter tido de o fazer", disse ao "Mail on Sunday".