Foi Alejandro, um menino de 10 anos, que notou este domingo, 12 de abril, uma carta endereçada à mãe. Miriam Armero Marin trabalha num supermercado em Múrcia, Espanha, e os vizinhos pediam-lhe que arranjasse outra casa para viver durante a pandemia de COVID-19 por estar muito exposta ao vírus.

“Nós somos seus vizinhos e queremos pedir a você, para o bem de todos nós, que encontre outra casa para si mesmo enquanto isso durar, já que vimos que você trabalha em um supermercado e muitas pessoas moram aqui. Não queremos mais riscos. Obrigado ”, podia ler-se no bilhete.

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"Decidi responder porque fiquei indignada: fizeram meu filho chorar e ele estava preocupado, com medo que nos expulsassem de casa”, contou Miriam ao jornal “El Español”. “Então fui até à entrada do apartamento e colei o bilhete que me tinham enviado com outro em resposta a todos os vizinhos. E também gravei um vídeo para o meu Facebook”, continuou.

A reposta em versão bilhete explicava que era graças a Miriam, e a tantos outras funcionários que trabalham em supermercados, que as pessoas tinham comida em casa, e que era a primeira a desinfetar-se quando chegava para poder estar com a família.

Vizinhos pedem a mulher que trabalha num supermercado para procurar outra casa

"Para os corajosos que deixaram o bilhete à minha parte, e que certamente as tiraram de alguma rede social, vou lhe dizer várias coisas: Sim, eu trabalho num supermercado e, graças a nós, todos vocês podem comer todos os dias. Ninguém precisa de me dar aulas de limpeza porque eu sou a primeira a chegar a casa e não beijar meus filhos antes de me limpar e desinfetar. Em vez de tantos aplausos às oito da noite, tenham um pouco mais de empatia pelas pessoas que precisam de trabalhar e ter família”, podia ler-se.

Em relação ao vídeo, tornou-se viral e muitas pessoas encheram a caixa de comentários com mensagem de apoio a Miriam. “Não sou a favor de publicar este tipo de vídeos nas redes sociais, mas ainda não acredito: tive de ligar para o proprietário do meu apartamento. Eu trabalho num supermercado e eu tenho orgulho nisso porque ajudamos muitas pessoas ao colocar-nos em risco”, disse.