O subsídio de Natal é normalmente utilizado em tudo o que envolve esta quadra, desde os presentes até à mesa farta — e pouco sobra para juntar ao mealheiro. Mas é possível passar uma quadra mais económica, e também consciente, sem os habituais desperdícios de comida e com os miúdos rodeados de tantos presentes que nem sabem com qual brincar primeiro.

A grande questão é perceber o que fazer. Para dar uma ajuda, a MAGG falou com duas especialistas em poupança. As dicas nunca são demais e vêm a tempo, já que é neste fim de semana que começa a corrida aos supermercados para esvaziar os queijos das prateleiras, e aos centros comerciais para fazer as compras de última hora — mesmo que esteja uma multidão em cada fila.

Começamos por falar precisamente dos presentes. Para os adultos, e principalmente para as crianças, é fácil arranjar estratégias para não gastar o orçamento todo. Como? Ora veja.

Poupar na compra de presentes de Natal

1. Fazer uma lista

Esta é a primeira dica de Bárbara Barroso, comunicadora e fundadora do projeto de educação e literacia financeira "MoneyLab".

"Devemos fazer uma lista de quem é que queremos oferecer presentes. Às vezes não é por mal, mas esquecemos alguém", explica, o que pode originar uma compra de última hora cujo gasto é feito impulsivamente.

Esta lista não deve ser seletiva, em termos das pessoas a quem gostaríamos de oferecer um presente, mas restritiva. Explicamos como.

2. Definir um budget

É aqui que entra a restrição. Bárbara defende um budget geral e não individual. É uma forma de tentar arranjar presentes que caibam dentro do orçamento definido, sem que passe dos limites apenas porque não sabe o que deve oferecer.

"Em minha casa somos apologistas desta ideia: os bons presentes dão-se nos aniversários e no Natal é uma lembrança", revela a comunicadora. Isto pode ser mais uma dica dentro da definição do budget.

3. Amigo secreto

Porque é que é uma boa alternativa? Porque em vez de oferecer um presente a várias pessoas, canaliza o dinheiro, que será sempre menor, apenas para uma pessoa. "É uma possibilidade de reduzir dez ou 20 presentes em um", seja em família, amigos ou colegas de trabalho.

4. Presentes feitos por nós

Esta dica tem muito que se lhe diga. Além de saírem mais baratos, podem ter um maior impacto na pessoa a quem estamos a oferecer.

"Há compotas, há biscoitos. Há uma coisa que eu acho muito engraçada que é o kit do emigrante. Para quem tem família fora e vem no Natal, o familiar sente sempre saudades do que há cá. Eu arranjo um cabaz com um doce, bacalhau, azeite, etc.", diz Bárbara.

Esta não é a única ideia de um presente personalizado. Pode oferecer também um álbum de fotografias, que provoca sempre nostalgia dos momentos que passou com aquela pessoa. É uma forma de devolver o efeito surpresa que o digital foi atenuando.

Pode ainda criar um voucher presente. Sim, criar, e não comprar aqueles que existem nas lojas. Basta fazer o voucher à sua maneira, imprimir, e definir o que vai oferecer: "Pode valer uma tarde de amigos ou um arranjo de computador. Desde o mais engraçado até ao que está relacionado com as nossas competências. Se prestamos serviços também podemos dá-los ao nosso amigo".

Para os mais velhos, Bárbara sugere oferecer a primeira página do jornal "Diário de Notícias", o mais antigo de Portugal, de acordo com a data de nascimento. Basta ir ao DN, dizer qual a data e a página é impressa.

5. Mealheiros

São a especialidade da fundadora do "MoneyLab". "No Natal, os meus filhos já ficam à espera dos mealheiros super loucos. Mealheiros ou mealheiros em frascos. Ponho um a dizer gastar e outro a dizer doar".

Além destes, também pode pegar numa moldura, fazer uma abertura larga em cima e escrever algo como "a nossa viagem de sonho", para uma amiga, ou "para a tua carta de condução", para os jovens que estão quase nos 18 anos.

6. Brinquedos

"Quando eles são pequenos e acreditam no Pai Natal, a dica é delegar no Pai Natal. Uma parte da magia também está aí. É basicamente o Pai Natal que vai avaliar se eles se portaram bem ou mal", sugere Bárbara. Logo aí, as crianças começam a perceber que não vão receber tudo o que pediram.

Quando o encanto com o Pai Natal já se desvaneceu, a dica de Bárbara é que os pais envolvam os filhos na escolha do presente: "Se forem adolescentes, devemos dizer qual é o budget deles. Nalguns casos aconselho os pais a darem o dinheiro e não a darem a 'coisa'. O que acontece muitas vezes é que quando se apanham com o dinheiro apercebem-se de que já nem querem tanto o presente", funcionando como um momento de educação financeira.

7. Rever os brinquedos

Costumam ser muitos, encher caixas ou armários e metade ficam no mesmo sítio durante o ano inteiro. Por isso, a dica é que nesta altura, pais e filhos revejam os brinquedos que querem dar ou vender. "Têm de sair uns brinquedos para entrarem novos", diz Bárbara à MAGG.

Esta é uma forma de as crianças se aperceberem de que já têm as coisas de que precisam e que o dinheiro não estica para ter tudo aquilo que vem nos panfletos.

Em casa, o que Bárbara costuma fazer é não dar todos os brinquedos para abrirem de uma vez. Se recebem dez, abrem apenas metade e ao longo do ano vão abrindo os restantes: "Há sempre um fator surpresa".

8. Oferecer os presentes que não gostámos de outro ano

"Ninguém gosta de dizer isto, mas toda a gente o faz. Os presentes que não gostaram de outros anos, aproveitem. Embrulhem bem embrulhadinho e dá para outro", aconselha a comunicadora.

Poupar nas compras da consoada e dia de Natal

1. Definir um orçamento

Ver quanto podemos gastar é o primeiro passo, ainda antes de agarrar no carrinho de compras. "É obrigatório conferir a dispensa e o que temos em stock para não comprarmos ingredientes repetidos. A organização está na linha da frente", diz Janine, que dá dicas de poupança no Instagram e é autora do blogue "Poupadinhos e com Vales".

2. "A melhor forma de evitar o desperdício é controlar as quantidades"

Controlar as quantidades não só é uma forma de poupar naquilo que compra, como também de evitar desperdícios desnecessários. É que no Natal, apesar de gostarmos de uma mesa recheada, só de olhar para tanta variedade já ficamos enfartados. Fica depois a sobrar comida, que por mais que tentemos partilhar com os familiares, nem sempre é possível.

"Qual a razão para fazer um peru inteiro só porque duas pessoas preferem carne a peixe? Sou a favor da mesa cheia, mas vamos encontrar pontos em comum nas preferências de todos os participantes e decidir as quantidades e os pratos a confecionar sem exageros", aconselha Janine.

3. Dividir tarefas: entradas para os tios, bacalhau para os donos da casa e os sonhos ficam à responsabilidade da avó

Esta é uma forma de rechear a mesa, sem que o anfitrião tenha o dobro do trabalho e gaste o orçamento todo sozinho. Os familiares não ficam apenas responsáveis pela comida, mas também podem levar bebida, decoração, etc.: "É o famoso 'dividir o mal pelas aldeias'", diz à MAGG a autora do blogue "Poupadinhos e com Vales".

Se lhe calhou a si receber a família em casa e vai ter de preparar o prato principal, Janine sugere que compre produtos da época para fazer receitas práticas, como assados no forno.

4. A ementa deve ser igual para todos

Na ementa de algumas famílias, as crianças têm por vezes um menu especial, mas isso implica ainda mais trabalho — e dinheiro.

Na opinião de Janine, não faz sentido fazer essa diferenciação, devendo-se fazer uma ementa adaptada a todos os gostos: "Se forem bebés, uma sopa fica sempre bem, no caso de crianças, se a tradição for carne, podemos optar por um empadão ou massa. Se for bacalhau, o espiritual é um prato que faz sucesso entre os mais pequenos. Estaremos a usar os mesmos ingredientes e somente a alterar o prato final".

5. Compor o stock de bebidas aproveitando as promoções

A principal dica é comparar os preços. Sempre que as bebidas, sejam vinho ou licores, estiverem em promoção, deve aproveitar para ir repondo a garrafeira um ou dois meses antes do Natal, de forma a poupar.

"Seja o que for que comprem para a vossa ceia de Natal, não deixem nunca de comparar os preços. A ideia é que descubram onde estão mais baratos os produtos que pretendem comprar, desde os alimentos até à decoração". E é precisamente sobre ela que falamos de seguida.

6. Comprar decorações de mesa nos saldos

Para isso é preciso estar atento ao início dos saldos a cada novo ano. A autora do blogue "Poupadinhos e com Vales" aconselha a comprar a decoração nesta altura, ficando já para o Natal desse mesmo ano, sem ter de fazer gastos extra em cima da hora.

"A poupança pode atingir os 70%, por isso vale muito a pena. Acreditem em mim, não é nenhuma loucura comprar com um ano de antecedência, loucura é no ano seguinte comprar artigos a 10€ que poderíamos ter conseguido por 3€".

Janine acrescenta ainda que a decoração de mesa DIY, mais conhecido como "faça você mesmo", também é uma boa opção para poupar, mas apenas para quem for habilidoso e gostar de trabalhos manuais.

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