É mais conhecido pela barba e os cabelos longos que usa na série "Vikings", mas o nome Alexander Ludwig, 27 anos, já é familiar a muitos fãs de cinema. Apesar de a carreira de ator ter começado em meados de 2000, foram precisos 12 anos para que o reconhecimento chegasse. E foi o papel em "Os Jogos da Fome” que o afirmaram como uma estrela em ascensão.
Porque a vida de ator também é feita de reviravoltas, Alexander viria a conhecer o impacto da sua prestação quando, em 2014, assumiu o papel do protagonista Björn Ironside na série “Vikings”. A história passa-se durante o século IX e aborda a cultura viking, bem como as primeiras invasões nórdicas lideradas por Ragnar Lothbrok (pai de Björn, interpretado por Travis Fimmel na série), em países como Dinamarca, França e Suécia.
Elogiada pelos críticos, que desde muito cedo fecharam os olhos à liberdade criativa dos argumentistas em retratar o universo viking, a série prepara-se para estrear a sexta e última temporada ainda este ano — embora ainda não exista data anunciada.
De passagem pela Comic Con, conversámos com o ator sobre o sucesso da sua personagem, daquilo que podemos esperar do último capítulo de "Vikings" e do período negro e conturbado por que Alexander passou.
É que, no início do ano, o ator assumiu uma dependência de álcool que durou 12 anos. "Lutei contra isto durante grande parte da minha vida até que decidi entrar numa clínica de reabilitação e foi a melhor coisa que fiz", revelou o ator numa das muitas entrevistas que deu em fevereiro.
Durante a curtíssima entrevista que concedeu à MAGG, não teve problemas em falar do assunto e assume que expor o seu problema foi a melhor coisa que podia ter feito. Não só porque não tinha nada a esconder, mas porque à medida que foi crescendo sentiu necessidade de que houvesse alguém que, tal como ele, falasse destes problemas e o fizessem ver que, na verdade, é mais comum do que se pensa.
O que vem aí na última temporada de “Vikings?”
Infelizmente, muitas mortes. Vai ser um capítulo muito difícil para o Björn enquanto líder porque a fasquia elevou-se bastante ao longo das últimas temporadas.
À medida que a história foi divergindo dos factos históricos, temeu que a sua personagem fosse uma das mortes violentas a marcar o início da série?
Honestamente, nem por isso. Sei que parece estranho, mas nunca duvidei. Em parte porque conhecia muito bem o Michael [o principal argumentista] e estive sempre a par da direção onde ele pretendia levar a série.
Senti-me sempre muito seguro da minha posição nos primeiros anos da série, também por conhecer a relevância e a importância histórica de uma figura como o Björn.
E nos últimos anos?
Pois… lá mais para o final deixei de sentir essa segurança de que falava [risos]. Mas cheguei até aqui.
No início deste ano falou sobre os problemas com o álcool, bem como os episódios de depressão e ansiedade que o marcaram. Como é que se sentiu quando expôs ao mundo esta parte tão íntima de si?
Ao início foi assustador, mas depois comecei a ver a quantidade de pessoas que tinha sido capaz de ajudar com este gesto. Foi muito bom saber que tive um papel importante em consciencializar as pessoas em relação a isso.
Por outro lado, admitir que passei por isto tirou-me um peso enorme dos ombros. Nunca quis ser alguém que não sou. Somos todos humanos e temos as nossas merdas.
Disse que tinha 14 anos quando começou a beber. Porque é que decidiu expor esta situação agora?
Sempre fiz muito trabalho introspetivo e percebi que não tinha nada a esconder. Talvez por isso, esta tenha sido uma experiência libertadora porque, finalmente, podia ser eu próprio. Percebi que se vivermos a nossa vida a tentar ser outra pessoa, ou a corresponder à ideia que os outros possam ter de nós, nunca vamos conseguir atingir o nosso potencial. E eu queria conseguir ser eu próprio.
Quando era mais novo, gostava muito que tivesse havido alguém que, tal como eu, se tivesse chegado à frente e falasse sobre o que estava a passar. Era importante saber que havia mais pessoas a passar pelo mesmo e que era normal.
Lembra-se das primeiras reações?
Essa foi a parte mais louca de tudo. Foram várias as pessoas que, depois de saberem, vieram ter comido e me disseram que já tinham, ou estavam a passar por isto. Pensei: "Uau" e fiquei chocado. Senti-me abençoado por ter tido um impacto tão grande — e tão positivo — que me permitiu chegar a tanta gente.
Qual espera ser o legado de "Vikings" assim que a série terminar?
Não tenho dúvidas de que se vai tornar naquela série que as pessoas vão continuar a ver por muitos anos e a ser falada. Honestamente, é uma série histórica que está num patamar muito diferente do que tem sido feito até então sobre a época viking porque aborda tudo o que constrói essa cultura e não só o facto de eles serem vilões.
Tenho muito orgulho em fazer parte de uma série que mostra o aspeto mais humano e mais belo dessa cultura.
Quando Travis Fimmel (Ragnar Lothbrok) abandonou a série, sentiu a responsabilidade de trabalhar ainda mais na sua prestação?
Senti antes que tinha acabado de me cair um grande peso nos ombros. Sentei-me com o Michael [argumentista] e tivemos uma conversa sobre isso. Chegámos a conclusão que este era o momento do Björn. Eu e a Katheryn [que interpreta Lagertha, mãe de Björn) éramos as únicas figuras que os espectadores conheciam desde o início, e por isso tínhamos a responsabilidade de assumir a série.
E embora tenha mudado muito, acredito mesmo que as pessoas continuam a sentir que nunca mudou. Ver que os fãs confiaram em nós deixa-me muito contente.
Lembra-se do que mais lhe custou durante as filmagens de "Vikings"?
Podia dizer que foram as cenas de luta [Alexander dispensou sempre a utilização de duplos nas suas cenas], mas o maior desafio foram as condições meteorológicas. Em média, gravávamos durante 11 meses na Irlanda e na maior das vezes éramos recebidos com muito mau tempo — desde temperaturas negativas, muita chuva, vento e neve.