
O início desta semana foi marcado pelo início do julgamento do processo dos Anjos contra Joana Marques, com a banda composta por Nelson e Sérgio Rosado a processarem a humorista no valor de um milhão de euros por alegados danos patrimoniais e não patrimoniais causadas pela divulgação de um vídeo humorístico, no qual a protagonista do "Extremamente Desagradável" ridicularizava a interpretação dos Anjos do hino nacional na prova de MotoGP, no Algarve, em 2022.
Ao longo dos primeiros dois dias de julgamento, terça-feira e quarta-feira, 17 e 18 de junho, os vários depoimentos dos Anjos, bem como de testemunhas da acusação, reforçavam os graves danos a nível financeiro para a banda, que terá perdido patrocínios e contratos para concertos. No entanto, parece que o cenário pode ser outro.
Ainda no primeiro dia do julgamento, Manuel Rosado, pai dos cantores e gerente da Angel Minds, que gere a carreira dos músicos, afirmou ter lapsos de memória relativamente aos rendimentos da empresa.
Mas uma análise feita pelo jornal "Página Um" às contas anuais da Angel Minds entre 2019 e 2023 revela que a polémica não prejudicou financeiramente a atividade da produtora. Pelo contrário: 2022 foi mesmo o melhor ano da empresa, escreve o "Correio da Manhã".
Segundo a publicação, a Angel Minds faturou cerca de 448 mil euros em 2022, ultrapassando os valores pré-pandemia. Para comparação, em 2019 a empresa registou receitas de cerca de 402 mil euros, enquanto durante os anos mais críticos da pandemia (2020 e 2021), os valores caíram drasticamente para menos de 90 mil euros e 105 mil euros, respetivamente.
Ainda em 2022 — ano em que foi divulgado o vídeo satírico —, os Anjos mantiveram uma presença marcante em eventos promovidos por entidades públicas, com 12 contratos assinados, sendo 11 deles posteriores à polémica. Os cachets contratualizados mantiveram-se elevados, indicando que o impacto mediático não comprometeu a procura pelos seus espetáculos.
Já em 2023, a Angel Minds registou 11 atuações públicas, um número ligeiramente inferior, mas sem redução visível nos valores recebidos por concerto. A tendência de sucesso manteve-se em 2024 e 2025: apenas neste mês de junho, a agenda dos Anjos inclui sete concertos, quatro deles concentrados numa única semana.
Dia 30 de junho, o julgamento continua, a serem ouvidas testemunhas da defesa, como Fernando Alvim e Ricardo Araújo Pereira. Ainda não é certo se a ré, Joana Marques, vai testemunhar em tribunal.