O julgamento do processo feito pelos Anjos a Joana Marques continua a todo o gás esta quarta-feira, 18 de junho. Durante a manhã, no Juízo Central Cível de Lisboa, foram ouvidas várias testemunhas na presença dos irmãos e da humorista, todos eles requeridos por Nélson e Sérgio Rosado. No geral, todos afirmaram que a transmissão do vídeo tinha sido um fracasso, e que o vídeo que Joana Marques tinha colocado nas suas redes sociais tinha ferido "pessoas numa situação mais frágil”, pelo que não poderia ser considerado humor.

A primeira testemunha a ser ouvida foi Nuno Feist, segundo o "Observador". Nas suas declarações, o maestro explicou que os Anjos não desafinaram em nenhum momento da atuação do hino nacional no MotoGP de Portimão, em abril de 2022, que é o motivo pelo qual os irmãos colocaram Joana Marques em tribunal, e que o vídeo estava montado para que parecesse dessa maneira. “Se o ritmo não foi alterado, se a harmonia não foi alterada e se harmonia encaixa, não posso dizer que houve desafinação. Isto [falando do vídeo publicado pela humorista] não são os Anjos que eu conheço”, disse o profissional.

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Além disso, antes de acabar o seu testemunho, Nuno Feist confessou que percebe a reação das pessoas que viram o vídeo, mas que sabe que aquilo não corresponde à realidade. "Compreendo pelo vídeo a reação que as pessoas estão a ter, mas eu sei que não corresponde à verdade", rematou. De seguida, foi Sérgio Antunes, diretor técnico da empresa Media Pro International, que testemunhou, falando sobre os erros de transmissão que fizeram com que o vídeo não correspondesse à realidade do momento. "Foi uma transmissão desastrosa ao nível técnico. Já para não dizer que houve erros de broadcast mesmo, um delay que houve, um loop que é bastante audível".

No entanto, Sérgio Antunes garante que o vídeo feito pela humorista foi um "vídeo claramente montado para atingir um fim", com o objetivo de ridicularizar os Anjos. Quando perguntado sobre se sabia qual era a profissão de Joana Marques, o diretor técnico respondeu que sim, mas que não conseguia falar sobre a humorista como diretor e sim como pai. "Não devemos difundir e apoiar humor que vai ferir pessoas numa situação mais frágil", rematou. João Pedro Ferreira, editor de imagem que testemunhou depois, explicou que os cortes do vídeo publicado por Joana Marques foram em "sítios planeados, estratégicos para causar ainda mais impacto à situação".

No final da audiência, foram Pedro Miguel Ferreira Duque, gestor de empresas, e Bruno Carvalho, empresário na área do desporto e construção, que testemunharam sobre os cancelamentos de contratos e patrocínios que os Anjos tiveram depois de toda a polémica. Ambos confessaram que tiveram de se desassociar dos irmãos depois do vídeo publicado por Joana Marques. “Cada um de nós tem o nosso próprio negócio e o que não quer é má publicidade e polémica”, justificou Pedro Miguel Ferreira Duque. "Achámos que não era benéfico".

Já Bruno Carvalho explicou que assinou contrato para um patrocínio à banda de cerca de 75 mil euros por dois anos, mas que acabou por cancelá-lo devido a um “vídeo com algumas brincadeiras no meio”. "Fui confrontado com isso", disse, explicando que lhe disseram que ia "estar associado" a uma polémica. “Na altura teve um impacto grande (...) Disse 'não posso estar no meio disto'. Tomei coragem e liguei ao Nelson. Disse 'não me leves a mal, mas, com tudo isto que está a acontecer, tenho de olhar para o que pode sobrar para a minha empresa'", finalizou o empresário.

Aquilo que motivou o processo colocado pelos Anjos foi uma piada publicada por Joana Marques em abril de 2022, na qual satirizava a atuação da dupla a cantar o hino nacional antes do MotoGP em Portimão. O vídeo intercalava imagens com reações críticas dos jurados do programa "Ídolos", sugerindo que a performance teria sido um "assassinato musical". Os Anjos foram para tribunal com um pedido de indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais, num valor que ultrapassa 1,1 milhões de euros.