Salto alto, veludo, um vestido do estilista Christian Siriano, passadeira vermelha. Tudo dentro do que é esperado, ainda que a entrada para a cerimónia de entrega dos Óscares seja conhecida por tudo menos pela banalidade (já alguém esqueceu que a Björk foi vestida de cisne?).

Este ano, ainda os prémios não tinham sido entregues e já a internet explodia em comentários ao que se passava à entrada. É que a pessoa que ousou desfilar com a tal junção salto alto+veludo+vestido era um homem.

O nome Billy Porter não leva a associações imediatas nem a cara diz muito à maioria, mas a verdade é que já não é a primeira vez que este ator provoca reações — boas e más — pelas escolhas que faz na passadeira vermelha.

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Na entrega dos Globos de Ouro, optou por levar uma capa cor de rosa e uns sapatos de salto alto e, desta vez, para os Óscares, optou por um vestido preto de veludo, conjugado com uma camisa branca de mangas em folhos. Ao lado, mais discreto, o marido, Adam Smith, com quem está casado desde 2017.

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"Esperem até ver o que vou vestir", tinha o ator avisado através da sua conta de Instagram, sabendo de antemão que o look ia causar polémica. Em declarações ao canal "E!", explica que a ideia é "criar um espaço de diálogo sobre o masculino e feminino e tudo o que fica entre esses dois mundos. Uma mulher aparece de calças e está tudo bem. Já um homem vestido de saias é assunto".

Billy aproveitou a ocasião para explicar, num artigo publicado na "Vogue", que sempre adorou moda, muito inspirado pela mãe e a avó, "que sempre foram muito elegantes". No entanto, sabia que havia um limite para a forma como se expressava. "Quando se é negro e gay, a masculinidade é posta em causa e eu sempre lidei com muita homofobia em relação à forma como escolhia as minhas roupas", conta.

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Com medo de represálias, admite que durante anos tentou encaixar nos padrões mais convencionais, mesmo quando já trabalhava como ator. Billy Porter fez inúmeras peças da Brodaway, mas uma em particular acabou por lhe mudar a vida. O seu papel em "Kinky Boots" valeu-lhe um Tony, mas a hipótese de encarnar uma drag queen fez com que percebesse que não tinha porque esconder a sua extravagância. "Calçar aqueles saltos altos fez-me sentir mais masculino do que nunca".