Deixar a data de lado não era uma hipótese em cima da mesa, por isso as grandes superfícies e marcas já estão a preparar-se para a Black Friday, que todos os anos leva a loucura às lojas a 27 de novembro. A prioridade este ano é evitar ajuntamentos, por isso, uma das alternativas será “transformar a Black Friday em vários ‘black days’”.
A ideia é avançada pelo diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, que ao "Jornal de Negócios" revela que a associação não vai promover "entre os associados quaisquer ações que impliquem idas massivas de clientes às lojas, mas haverá promoções".
Não assinalar a data este ano não seria uma opção, até porque a pandemia já afetou variados setores de consumo, com quebras na ordem dos 30 a 40%, de acordo com as estatísticas da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). “Não conheço ninguém, entre os nossos 170 associados, que não vá aproveitar para fazer descontos na Black Friday. É o terceiro ou quarto melhor dia de vendas do ano”, refere Gonçalo Lobo Xavier.
Entre as lojas que já estão a planear a data marcante para consumidores e lojistas está a FNAC, que já anunciou que “dadas as restrições de pessoas nas lojas, terá promoções antecipadas”, de modo a evitar ajuntamentos e “filas demoradas”, revela Inês Condeço, diretora de marketing em Portugal da FNAC.
Já a Worten, este ano não vai abrir as portas da meia-noite às duas da manhã, como aconteceu em edições anteriores, tendo optado apenas por fazer descontos em loja a 27 de novembro. Ainda assim, a empresa da Sonae tem preparado “um plano de contingência para cada loja, que será acionado em caso de necessidade”, revela ao mesmo jornal Inês Drummond Borges, diretora de marketing da Worten.
Estas medidas estão em linha com as do grupo Sonae Sierra, da qual faz parte a Worten e grandes centros comerciais como o Colombo ou o NorteShopping. De acordo com Cristina Santos, administradora dos centros comerciais da Sierra em Portugal e Espanha, a empresa tem “vindo a trabalhar com os lojistas no sentido de alargarem o prazo de campanhas da Black Friday”.
Quanto aos centros comerciais — um dos focos principais para as compras com preços reduzidos — agora limitados a cinco pessoas por loja por decisão do Conselho de Ministros a 14 de outubro, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) é da opinião que, devido à elevada procura na Black Friday, o limite deveria ser alargado para oito pessoas por cada 100 metros quadrados a 27 de novembro (à semelhança do que acontece em França e Espanha).
Uma das soluções para aliviar as aglomerações em espaços físicos seriam as compras online, no entanto, quer a diretora de marketing da Worten, quer a diretora de marketing da Fnac, reconhecem que o digital não substitui a loja física que "continuará, a apresentar vantagens", diz Inês Drummond Borges, pelo que as lojas físicas devem estar preparadas.