A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) "considera inadmissível a forma como está a ser feita a referenciação dos doentes através da Linha SNS 24 e solicita uma atuação urgente por parte do Ministério da Saúde e da Direção-Geral da Saúde (DGS) que têm mantido, até agora, uma inexplicável passividade na resolução deste problema", diz, em comunicado enviado à agência Lusa.
Segundo a SRCOM, as queixas têm vindo de médicos da várias zonas da região centro, que falam em "encaminhamento errado, ponto de vista clínico, através da Linha SNS 24".
Em causa, estão "situações não urgentes" ou "em que nem sequer existe doença", a ser encaminhadas via SNS24 para as urgências de adultos, pediátricas e unidades de cuidados primários, o que gera uma "grave sobrecarga dos serviços", refere Carlos Cortes, presidente da SRCOM.
O responsável descreve a chegada de utentes "sem qualquer sintoma, nalguns casos porque estiveram em contacto com pessoas suspeitas de terem COVID-19 ou porque testaram positivo, o que não constitui, só por si, indicação para serem atendidos em ambiente de urgência." O presidente da SRCOM fala ainda casos de doentes positivos à COVID-19 que chegam às unidades de saúde com sintomas são "ténues", quadro para a qual a indicação é de que se mantenham em casa.
A SRCOM afirma que o Ministério da Saúde está a permitir que as urgências se transformem em postos de colheita para a testagem do SARS-CoV-2, situação que "assume contornos muito perigosos". Em causa está o "número de patologias graves, nomeadamente descompensações de patologias crónicas", que "estão a ser cada vez mais frequentes e precisam de atendimento urgente".
Desta forma, Carlos Fortes exige que o Ministério da Saúde e a DGS corrijam esta "descoordenação", atualizando os procedimentos e garantindo que "o acompanhamento e a melhor assistência nos serviços de urgência aos doentes com COVID-19 e com todas as outras patologias."
Apela também a que se tornem públicos "os protocolos e algoritmos em vigor na Linha SNS 24 (808 24 24 24), de forma a que os médicos possam dar um contributo eficaz para melhorar o encaminhamento de doentes".