Elisabeth Saraiva, mais conhecida como "burlona do amor", foi detida esta sexta-feira, 6 de agosto. A mulher que conseguiu burlar nove homens em cerca de um milhão de euros entre 2000 e 2011, andava fugida há mais de um ano, mesmo após ter sido condenada a 12 anos de prisão em 2016 pelos crimes praticados. Só agora, e 20 anos depois da primeira burla, a Polícia Judiciária (PJ) conseguiu deter Elisabeth Saraiva, que se encontrava na habitação de um piloto de aviões estrangeiro, em Vilamoura, de acordo com o "JN". A detenção resultou de uma operação policial de mais de sete horas, com recurso a força física.

Quando mulher de 52 anos percebeu que a PJ estava à porta de casa, não saiu, mostrando resistência às autoridades que tiveram de recorrer à "força física", disse uma fonte da PJ ao jornal "Observador". Contudo, a detenção acabou mesmo por acontecer e Elisabeth foi encaminhada para a cadeia de Tires para cumprir pena.

No entanto, não será sujeita aos 12 anos de prisão a que foi condenada pelo Tribunal de Setúbal em 2016, mas sim a dez anos de cadeia, que conseguiu reduzir após deliberação do Supremo Tribunal de Justiça. Em causa estão os crimes de burla qualificada, de falsificação de documentos e furto. Deverá, no entanto, ver a pena agravada por estar foragida da justiça.

Durante o período em que esteve fugida às autoridades, Elisabeth Saraiva nunca estava muito tempo no mesmo local para não ser apanhada e ainda conseguiu viajar até Huelva, em Espanha, motivando um mandato de detenção europeu pelas autoridades portuguesas.

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Mas quem era, afinal, Elisabeth Saraiva? Descrita como sedutora, eloquente e convincente pelos homens com quem se envolveu, a "burlona do amor" fazia-se passar por uma empresária, com negócios na África do Sul, pretexto que usava para pedir dinheiro emprestado às vítimas, alegando que servia para desbloquear um processo que lhe permitiria receber milhões de dólares do Estado da África do Sul. Esta era uma das estratégias usadas pela mulher natural da África do Sul, mas sabe-se que o pai de 80 anos também estava envolvido nos crimes, acabando por ser condenado a três anos de prisão.

A "burlona do amor" enganou um total de nove homens, entre eles um agente da Polícia Marítima. Outra das vítimas foi um empresário da construção civil de Palmela a quem Elisabeth Saraiva conseguiu burlar 140 mil euros para a alegada construção de uma urbanização na Quinta do Mocho, em Palmela, escreve o jornal "Observador". A tática final de Elisabeth era desaparecer assim que tinha o dinheiro das vítimas.