O caso veio a público na terça-feira, 27 de setembro, depois de Carla Teixeira ido ao programa das manhãs da TVI, “Dois às 10”. A partilha da história tem como objetivo angariar dinheiro para poder começar o tratamento de Fertilização in Vitro (FIV) numa clínica privada e saltar a demorada lista de espera do banco de esperma. O valor do processo pode ir até aos 8 mil euros. 

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Carla Teixeira tem 38 anos e o tempo de espera para conseguir um dador é de três anos. Quando chegar a sua vez, terá 41 anos e já não será possível fazer a FIV pelo SNS, apenas a inseminação artificial, cuja taxa de sucesso é de 15% a 20%. É muito frustrante eu estar três anos à espera de uma coisa que depois não vou conseguir concretizar. O médico disse-me que é desumano estar a alimentar grandes esperanças”, contou Carla no “Dois às 10”. 

Miguel, o marido de Carla Teixeira, morreu em junho deste ano, vítima de hipertensão pulmonar. A doença provoca alterações que impossibilitam a passagem de sangue pelas artérias e veias pulmonares, fazendo com que o doente sofra de falta de ar, perda de energia, cansaço progressivo e dores no peito. 

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O diagnóstico foi tardio mas não impossibilitou que Carla e Miguel se casassem. “Nós, ao longo dos meses do internamento, falávamos sobre ser boa ideia casarmos e tínhamos combinado que na próxima alta iríamos a um notário para nos casarmos”, afirmou Carla, em conversa com a MAGG. A alta não chegou e depois de quatro meses internado no Hospital de Santo António, no Porto, Miguel casou-se com Carla. “No fim do casamento o Miguel sentiu que tinha uma força maior para lutar. Tinha uma esposa”, confessa a própria. Dois dias depois, Miguel morreu. 

Uma vez que nem Carla nem a família esperavam o desfecho, não foi feita nenhuma recolha de material genético de Miguel. Apesar de ser possível a recolha após a morte, a opção não foi pensada.Nem me passou pela cabeça porque eu entrei em negação logo de início. Eu pensei sempre que não tinha sido o Miguel quem tinha falecido”, explica a viúva.

Agora, para poder concretizar o sonho de ambos, Carla vai recorrer a um banco de esperma para poder ter o filho que sempre desejaram. Tem consciência de que não será um filho biológico do marido, “mas é um filho desejado, um filho de coração”. 

A 13 de setembro criou uma página de GoFundMe para chegar ao objetivo que precisa. Também nas redes sociais faz o apelo para que a ajudem a concretizar o sonho.